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São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 2003

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Alckmin e Aécio lançam frente pró-reformas

Fabiana Beltramin/Folha Imagem
Os governadores Geraldo Alckmin e Aécio Neves em encontro no Palácio dos Bandeirantes, em SP


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Os tucanos Geraldo Alckmin e Aécio Neves tomaram a dianteira no PSDB e anunciaram ontem, em São Paulo, a intenção de criar uma frente de governadores do partido que se comprometa a apoiar as reformas tributária e da Previdência propostas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Após reunião que durou quase quatro horas, Alckmin, governador de São Paulo, e Aécio, governador de Minas Gerais, afirmaram que estão dispostos a trabalhar nas bancadas do PSDB de seus Estados para que deputados e senadores não criem empecilhos para a aprovação das reformas no Congresso.
"Os governadores [podem ajudar" com as relações que têm no Parlamento. No limite de suas forças, respeitando a autonomia do Congresso, eles terão a responsabilidade de mostrar os efeitos tanto de uma quanto de outra reforma", disse Aécio.
No próximo dia 10, os sete governadores tucanos se reúnem em São Paulo para discutir projetos a serem apresentados, no dia 20, ao presidente Lula.
"Um dos pontos que serão levantados no nosso encontro é o de tentar construir uma unidade nas propostas. Primeiro vamos discutir entre nós, o que não nos impede de conversar com governadores de outros partidos", disse o governador mineiro ontem.
Além de Alckmin e Aécio, o PSDB elegeu no ano passado cinco governadores: Marconi Perillo (Goiás), Lúcio Alcântara (Ceará), Simão Jatene (Pará), Ivo Cassol (Rondônia) e Cássio Cunha Lima (Paraíba). Juntos, os sete Estados possuem 39 deputados tucanos na Câmara.
O encontro do próximo dia 10 será o segundo dos governadores tucanos. O primeiro ocorreu antes mesmo da posse, no final do ano passado, em Araxá (MG).

Pressa
Apontados como pré-candidatos do PSDB à sucessão de Lula, em 2006, Alckmin e Aécio querem que o governo federal inicie as reformas tributária e da Previdência ainda neste ano.
"Reformas dessa complexidade, ou são feitas no início dos governos, ou corre-se o risco de não mais serem feitas", disse Aécio.
O governador de São Paulo afirmou acreditar que as duas reformas podem ser conduzidas de maneira simultânea. "Uma não implica eliminar a outra, elas até se complementam", disse. Para Aécio, a questão tributária é tão urgente quanto a previdenciária. "Salta aos olhos do país a necessidade da mudança", disse ele.
São Paulo tem um déficit anual de R$ 7,4 bilhões com a Previdência estadual. Um grupo de trabalho, coordenado pelo vice-governador Cláudio Lembo, foi montado para criar um projeto de reforma a ser enviado para a Assembléia Legislativa.
Parte das propostas e eventuais mudanças só serão possíveis com a alteração das regras no âmbito nacional. "Teremos que trabalhar em sintonia fina com o governo federal", disse Alckmin.

Assembléias
Os apoios dos tucanos, especialmente no caso de São Paulo e Minas Gerais, às reformas do PT passam pelas Assembléias dos dois Estados, onde os petistas possuem as maiores bancadas.
Os dois governadores querem um compromisso da cúpula nacional do PT de que as bancadas do partido no Legislativo dos Estados apóiem as reformas previdenciárias e não estabeleçam uma oposição sistemática.
Em jogo também estão as presidências das Assembléias. Alckmin quer que o PSDB fique com o comando do Legislativo paulista. Os deputados estaduais do PT afirmam que o partido lançará candidatura própria.
Em Minas Gerais, Aécio e o PT praticamente fecharam acordo que deu ao PSDB o comando da Assembléia. O assunto foi tema do encontro de ontem entre os governadores, no Palácio dos Bandeirantes, mas ambos não quiseram comentar o conteúdo da conversa sobre o tema.
Os dois governadores também evitaram falar sobre o futuro político de cada um e rechaçaram qualquer disputa entre eles pelo controle do PSDB.
"O encontro de hoje é um gesto claro de que, se existe algo indissolúvel, é a relação do governo de São Paulo com o governo de Minas", disse Aécio.


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