São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

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DANÇA DOS MINISTROS

Nova pasta servirá para aliviar a carga de trabalho do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu

Rebelo será ministro da Articulação Política

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A escolha do deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP) para o novo Ministério de Articulação Política é uma forma de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentar aliviar a carga de trabalho do ministro José Dirceu (Casa Civil) e liberá-lo para as tarefas de coordenação do governo.
O presidente avalia que o maior problema de seu governo é o fraco gerenciamento das ações executivas dos ministérios. Em conversas reservadas, Lula diz que Dirceu "não tem pernas para tocar" as funções que acumulou e que precisava mexer na Casa Civil.
Coube a Dirceu articular as mudanças em sua pasta para transmitir a imagem de que não perderá poder. No entanto, o ministro será liberado de parte do superpoder que acumulou no início do governo, quando esvaziou, logo no início da nova administração, a Secretaria Geral, de Luiz Dulci.
Aldo Rebelo atuará de forma coordenada com Dirceu, apesar do posto de ministro. Na cúpula do governo, ninguém imagina que Dirceu ficará fora da articulação política, mas agora ele não terá toda a desenvoltura que tinha até agora para se envolver na área.
Nos debates do governo, chegou-se à conclusão de que seria melhor dividir a Casa Civil e reformular sua parte gerencial.
Há possibilidade de a assessora especial de Lula Miriam Belchior ser deslocada para a Casa Civil a fim de auxiliar Dirceu na coordenação de governo. Essa mudança também permitirá ao ministro mexer em auxiliares, no segundo escalão, que ele julga ineficientes.
Lula estuda ainda a possibilidade de fazer uma segunda etapa da reforma ministerial assim que voltar da viagem a Índia, no final do mês. Mais: hoje o presidente decidirá se os novos ministros tomam posse quando ele voltar ou se assumem os cargos durante sua viagem. Lula deixa o Brasil amanhã e só retorna no dia 31.
Na volta da viagem, Lula pode demitir o ministro Cristovam Buarque (Educação), que ontem viajou para Portugal e no sábado será incorporado à comitiva de Lula que vai à Índia. O governo avalia que Cristovam não foi bem como executivo, mas a ausência dele do país freou a queda.
Paradoxalmente, o vazamento dessa possibilidade de demissão pode contribuir para Cristovam ficar no cargo. Auxiliares de Lula acham que parecerá traição discutir a queda do ministro da Educação com ele fora do país.
Cristovam perderia a vaga no ministério para Tarso Genro (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social). Para o lugar de Tarso iria o ministro Jaques Wagner (Trabalho), que, por sua vez, seria substituído por Ricardo Berzoini (Previdência Social).
Esse cenário seria uma forma de liberar a Previdência para o PMDB, apesar do forte movimento para manter Ricardo Berzoini no comando dessa área. Lula marcou a conversa com o PMDB para amanhã, às 10h. (KENNEDY ALENCAR e RAYMUNDO COSTA)


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