|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DANÇA DOS MINISTROS
Nova pasta servirá para aliviar a carga de trabalho do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu
Rebelo será ministro da Articulação Política
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A escolha do deputado federal
Aldo Rebelo (PC do B-SP) para o
novo Ministério de Articulação
Política é uma forma de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
tentar aliviar a carga de trabalho
do ministro José Dirceu (Casa Civil) e liberá-lo para as tarefas de
coordenação do governo.
O presidente avalia que o maior
problema de seu governo é o fraco
gerenciamento das ações executivas dos ministérios. Em conversas
reservadas, Lula diz que Dirceu
"não tem pernas para tocar" as
funções que acumulou e que precisava mexer na Casa Civil.
Coube a Dirceu articular as mudanças em sua pasta para transmitir a imagem de que não perderá poder. No entanto, o ministro
será liberado de parte do superpoder que acumulou no início do
governo, quando esvaziou, logo
no início da nova administração,
a Secretaria Geral, de Luiz Dulci.
Aldo Rebelo atuará de forma
coordenada com Dirceu, apesar
do posto de ministro. Na cúpula
do governo, ninguém imagina
que Dirceu ficará fora da articulação política, mas agora ele não terá toda a desenvoltura que tinha
até agora para se envolver na área.
Nos debates do governo, chegou-se à conclusão de que seria
melhor dividir a Casa Civil e reformular sua parte gerencial.
Há possibilidade de a assessora
especial de Lula Miriam Belchior
ser deslocada para a Casa Civil a
fim de auxiliar Dirceu na coordenação de governo. Essa mudança
também permitirá ao ministro
mexer em auxiliares, no segundo
escalão, que ele julga ineficientes.
Lula estuda ainda a possibilidade de fazer uma segunda etapa da
reforma ministerial assim que
voltar da viagem a Índia, no final
do mês. Mais: hoje o presidente
decidirá se os novos ministros tomam posse quando ele voltar ou
se assumem os cargos durante
sua viagem. Lula deixa o Brasil
amanhã e só retorna no dia 31.
Na volta da viagem, Lula pode
demitir o ministro Cristovam
Buarque (Educação), que ontem
viajou para Portugal e no sábado
será incorporado à comitiva de
Lula que vai à Índia. O governo
avalia que Cristovam não foi bem
como executivo, mas a ausência
dele do país freou a queda.
Paradoxalmente, o vazamento
dessa possibilidade de demissão
pode contribuir para Cristovam
ficar no cargo. Auxiliares de Lula
acham que parecerá traição discutir a queda do ministro da Educação com ele fora do país.
Cristovam perderia a vaga no
ministério para Tarso Genro
(Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social). Para o lugar
de Tarso iria o ministro Jaques
Wagner (Trabalho), que, por sua
vez, seria substituído por Ricardo
Berzoini (Previdência Social).
Esse cenário seria uma forma de
liberar a Previdência para o
PMDB, apesar do forte movimento para manter Ricardo Berzoini
no comando dessa área. Lula
marcou a conversa com o PMDB
para amanhã, às 10h.
(KENNEDY ALENCAR e RAYMUNDO COSTA)
Texto Anterior: Lula decide repassar parte de verbas da Cide Próximo Texto: Pagode da despedida: Lula se compara a Pelé em jantar com Índice
|