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Em recado a Dilma, Lobão diz que ninguém tutela ministro
Lula elogia carreira de peemedebista e afirma que ele vai "desmontar preconceitos"
Em cerimônia de posse, Lula
reafirma que não há risco de
apagão e que novo titular
terá surpresa extraordinária
ao ver as obras de energia
HUMBERTO MEDINA
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O novo ministro de Minas e
Energia, Edison Lobão
(PMDB-MA), 71, afirmou ontem, ao tomar posse, que não
será tutelado pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). "Dizem que ela [Dilma] está tutelando o ministro. Ninguém tutela o ministro, a não ser o presidente da República", afirmou
Lobão. "A ministra-chefe da
Casa Civil coordena o governo
e vai nos ajudar muito, mas nada de subordinação", afirmou.
Pouco antes, na cerimônia de
18 minutos no Palácio do Planalto para oficializar a indicação, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva reiterou que o país
está livre do risco de um apagão
e minimizou a falta de experiência técnica do novo subordinado dizendo que a chegada
de Lobão ao cargo vai "desmontar uma série de preconceitos".
Na mesma ocasião, o novo
ministro disse que Valter Cardeal, atual presidente da Eletrobrás e ligado à Dilma Rousseff, será substituído por um
nome indicado pelo PMDB.
Apesar de Lobão dizer que o
nome para a Eletrobrás ainda
não está escolhido, o PMDB entregou a José Múcio Monteiro
(Relações Institucionais) a relação de cargos no setor que deseja indicar. Na lista está o nome de Jorge Luiz Zelada para a
diretoria internacional da Petrobras. Hoje, Lobão discute
nomeações com Múcio.
José Sarney (PMDB-AP), padrinho político de Lobão, também negocia outros cargos, como a presidência da Eletrobrás.
Ele indicou ao posto o atual diretor financeiro da Eletronorte, Astrogildo Quental. Dilma
resiste e Quental pode ir para a
diretoria financeira da estatal.
Depois do recado a Dilma, o
novo ministro a elogiou. "Tenho laços de admiração e amizade com a Dilma, que nunca
indicou e nem vetou ninguém
para o ministério", disse. "Sempre que for necessário, vou ouvi-la", disse. Lobão se reconheceu como um político, mas não
vê nisso um problema para comandar o setor. "Sou um político e me orgulho disso."
Na semana passada, Dilma
deu demonstração de força no
setor elétrico, ao vetar a indicação do ex-prefeito de São Paulo,
Miguel Colasuonno, para o ministério. Colasuonno é do
PMDB, ligado a Michel Temer,
Orestes Quércia e foi da tropa
de choque do ex-prefeito Celso
Pitta na Câmara de Vereadores.
Outra mostra do poder da
ministra no setor foi a indicação de Márcio Zimmermann,
engenheiro e técnico ligado a
ela, para o cargo de secretário-executivo de Minas e Energia.
Lobão disse que as "intrigas"
contra ele de nada adiantaram
e reafirmou que o risco de um
apagão energético no país não
existe e há energia garantida,
"sem racionamento e sem aumento de preços".
Em discurso de improviso,
Lula atribuiu a pessimistas a
idéia de que se possa "repetir
2001", quando, na gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso, o país viveu uma crise no
setor energético. Otimista, chegou a dizer que Lobão assume o
cargo num momento "auspicioso do setor no Brasil" e alfinetou seus antecessores: "Obviamente que poderia estar
muito melhor se anos atrás tivéssemos feito a lição de casa".
Carreira política
O presidente exaltou a "grandeza" da carreira política do
novo ministro, mas expôs a falta de familiaridade dele com o
tema que passará a gerenciar ao
dizer que ele terá uma "surpresa extraordinária" quando conhecer as obras de energia que
estão sendo feitas no país.
"Eu não poderia ser presidente porque era metalúrgico
(...) Você não pode ser ministro
porque você não é técnico, como se todo o técnico de futebol
fosse o melhor jogador do time
(...) Com a sua experiência política, você saberá detectar, dentro do setor energético brasileiro, a chamada inteligência viva
do setor neste país e montar
um ministério que possa ser
motivo de orgulho".
Lobão substituirá na pasta o
petista Nelson Hubner, que assumiu o cargo de forma interina em junho passado após o
afastamento do ministro Silas
Rondeau, envolvido nas investigações da Operação Navalha.
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