São Paulo, sexta, 22 de janeiro de 1999

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PAINEL

Ameaça real
Malan está na mira dos aliados. "Se a economia não der sinais de melhora em um ou dois meses, FHC terá de apontar um culpado e mudar tudo. Com a saída de Franco (ex-BC), o próximo da lista é o ministro da Fazenda", diz um cacique do PMDB. "Malan não é mais intocável", fala um líder do PFL, sigla que sempre lhe deu apoio incondicional.

Por enquanto é só rezar
A aliados importantes, FHC disse que não há nada que possa fazer agora para acalmar a economia. Afirma que, em um mês, ter-se-á um quadro claro sobre a cotação do dólar com a livre flutuação do câmbio. Só então poderá fazer novos planos.

Luzes apagadas
Alegando pressa, congressistas querem terminar a votação do Orçamento de 99 na comissão entre hoje a noite e a amanhã de manhã. Coincidência: é quando a vigilância baixa a guarda.

Termômetro de FHC 1
A MCI (Marketing, Estratégia e Comunicação Institucional), que trabalha para o Planalto desde 95, fez pesquisa nacional sobre a moratória de Itamar Franco (PMDB), governador de Minas: 59% a desaprovam, e 26% a aprovam. Em Minas, 48% a desaprovam. E 40% a aprovam.

Termômetro de FHC 2
Ainda de acordo com a pesquisa encomendada por FHC, 73% dos entrevistados no país dizem que outros governadores em dificuldade não devem adotar a decisão de Itamar. Segundo 18%, o exemplo deve ser seguido.

Chapéu de bala
Além de tratar da dívida de AL com FHC, Lessa (PSB) conseguiu com Calheiros (Justiça) um aparelho de balística e 30 metralhadoras para a polícia. Levou tudo no avião. E um grupo da PF o ajudará a combater quadrilhas.

Fora da realidade
Durante os 90 minutos da conversa ontem à tarde com o governador Jorge Viana (AC) e a senadora Marina Silva, FHC não se preocupou em saber a cotação do dólar. Aos petistas, disse que o dia estava difícil, mas que a situação se acomodaria em breve.

Forçados a engolir
As novas alíquotas da Previdência dos servidores públicos não devem durar muito. Somado ao Imposto de Renda, a cobrança derrubará o salário líquido dos parlamentares para R$ 5.005, fora outros descontos. A Câmara só espera esfriar a crise para tentar reduzir percentuais.

Munição pro inimigo
Na reunião com líderes quarta à noite, Ornélas (Previdência) começou a distribuir uma tabela com a projeção de como ficaria o salário dos deputados com as novas alíquotas. "Recolha isso, senão a votação está perdida", avisou Aécio Neves (PSDB-MG).

A coisa tá feia
O Planalto está contabilizando as notícias publicadas no exterior sobre o Brasil. Na sexta passada, no auge da crise cambial, foram 102. Ontem, 37. O que foi motivo de comemorações.

Procuram-se culpados
O Congresso recebeu perplexo a disparada da cotação do dólar. Acreditava-se na estabilização, após a votação do projeto dos inativos. À tarde, os senadores tucanos foram até Chico Lopes (BC), que tentou tranquilizar: "É um ajuste normal do mercado".

Livrou a cara
De Ibrahim Abi-Ackel (PPB-MG), resumindo o sentimento do Congresso quando o dólar bateu ontem na casa de R$ 1,77: "Se não tivéssemos aprovado o projeto dos inativos, a Câmara seria hoje a única responsável pela disparada do dólar".

Tucano prevenido
Os senadores tucanos tomaram café da manhã ontem com Pimenta (Comunicações) na casa de Lúdio Coelho (MS). À saída, Pedro Piva (SP), pai de Horácio (Fiesp) e empresário bem sucedido, encheu os bolsos de salsichas: "A coisa está muito feia".

Visita à Folha
O embaixador Sergio Amaral, porta-voz da Presidência da República, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Amaral deve assumir a embaixada do Brasil em Londres, possivelmente no mês de abril.

TIROTEIO

De Esperidião Amin (PPB), governador de Santa Catarina, sobre a GM ter anunciado um reajuste do preço dos carros de 11%, do qual recuou depois:
- Se a GM queria fazer a sua anti-propaganda, conseguiu. Ganhou o prêmio Sugismundo da crise, anunciando um aumento irreal e perverso em um mercado que já está recessivo.

CONTRAPONTO

Banda cambial
Pedro Malan (Fazenda) e Chico Lopes (Banco Central) embarcaram para Washington no vôo 854 da Varig, na noite de sexta passada, convencidos de que encontrariam compreensão do FMI para a situação econômica brasileira. Pareciam muito tranquilos.
Tão logo se acomodaram nos assentos da 1ª classe, os dois resolveram tirar uma soneca. Quando Chico Lopes despertou, uma repórter se aproximou dele e começou a falar sobre música.
Foi uma boa tática. O novo presidente do BC toca trompete e se interessou pela conversa, à qual Malan se juntou em seguida.
Lopes aproveitou e disse para Malan que havia um aspecto relacionado a Alan Greenspan, presidente do Fed, que o ministro desconhecia:
- Ele toca flauta transversal.
Malan, sem a intenção de fazer qualquer trocadilho com a situação brasileira, comentou:
- Puxa, vocês dois poderiam fazer uma banda!



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