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BAHIAGATE
Paulo Magalhães e o então delegado Valdir Barbosa teriam interceptado petição que investigaria pedidos de grampo
Juíza diz que sobrinho de ACM a pressionou
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A Polícia Federal já tem um forte indício que liga o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA)
aos grampos instalados ilegalmente em quase 200 linhas telefônicas na Bahia.
Com base nele e em novos depoimentos, o inquérito instaurado para apurar as escutas ilegais
deverá apontar o senador entre os
mandantes do crime.
Segundo o Conselho de Ética do
Senado, a conclusão do inquérito
será a base para um eventual pedido de cassação do mandato de
senador de ACM.
O indício que liga o senador aos
grampos, de acordo com a PF,
surgiu antes mesmo de o caso ter
vindo à tona, quando o deputado
federal Paulo Magalhães (PFL-BA), sobrinho de ACM, e o então
delegado-chefe da Polícia Civil
baiana, Valdir Barbosa, interceptaram de maneira irregular uma
petição que poderia ter dado início às investigações em setembro
do ano passado.
Paulo Magalhães teria pressionado a juíza de Itapetinga (BA)
Teresa Cristina Navarro Ribeiro,
que autorizou as quebras de sigilo, a não levar o caso adiante.
Para os policiais federais, a tentativa de um membro da família
Magalhães de impedir que as investigações fossem iniciadas,
quando ainda não recaíam suspeitas sobre a ligação do senador
com o caso, podem ser suficientes
para provar que ACM e seu grupo
político estão entre os autores do
crime de escuta ilegal.
Tim
A juíza, em setembro do ano
passado, havia recebido de uma
das operadoras de telefonia celular da Bahia, a Tim, uma petição
solicitando uma investigação do
Ministério Público nos grampos e
na adulteração das autorizações
da Justiça para as escutas.
Logo após a juíza ter dado prosseguimento jurídico ao pedido da
operadora, Barbosa, segundo relato de Teresa, a teria procurado
para, em nome do governo, convencê-la a voltar atrás e entregar-lhe a petição.
Ela aceitou, mas, dias depois,
pressionada pela operadora, pediu a devolução do documento. O
deputado, então, a teria pressionado para esquecer o caso. Intimidada, a juíza recuou.
As primeiras investigações da
PF começaram pouco depois do
episódio, após o deputado federal
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA),
ter suspeitado dos grampos em
seu telefone.
Em seu depoimento à PF, no último dia 13, a juíza não citou o nome de ACM. O delegado Gesival
Gomes de Souza, responsável pelo inquérito, disse que ela cometeu irregularidades no caso, mas
descarta que haja "má-fé".
Outro ponto que reforça a tese
da polícia de participação do grupo político de ACM no caso é o fato de o delegado-chefe, que à época alegava estar investigando um
crime de sequestro para instalar
os grampos, ter tido conhecimento de que a petição existia, mesmo
não fazendo parte do Judiciário.
Barbosa teria tido acesso à informação por meio de um telefone grampeado ou com algum funcionário da operadora. O delegado-chefe é quem teria levado ao
conhecimento do deputado a
existência da petição.
Segundo um dos depoimentos
colhidos ao longo do inquérito
que investiga os grampos, Barbosa também teria procurado um
representante jurídico da Tim na
Bahia, Charles Mota, para pedir
que a empresa abortasse a tentativa de investigação.
Demissão
Mota prestou depoimento nesta
semana em Salvador ao delegado
da PF. Ele negou a acusação, mas
não soube explicar uma série de
pontos obscuros levantados pela
investigação, entre eles a demissão, em dezembro último, de funcionários da TIM que conheciam
detalhes sobre as escutas.
O delegado também investiga a
ligação entre Mota e políticos
"carlistas" (ligados a ACM) do interior baiano.
Colaborou a Agência Folha, em Salvador
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