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TERRA SEM LEI
Presidente afirmou que ações de preservação ambiental e de reforma agrária desagradam aos "conservadores" no Pará
Seremos firmes contra "reacionários", diz Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em sua primeira declaração pública em relação à onda de assassinatos no Pará e ao conseqüente
envio de tropas do Exército para a
região, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva disse que o governo
será "firme" e "manterá o controle" diante dos "reacionários" e
"conservadores" madeireiros.
Segundo o presidente, os registros de violência no Pará na última semana são um reflexo das
ações de preservação ambiental e
de reforma agrária realizadas pelo
governo nos últimos dois anos.
"Então, essas coisas [ações do
governo] têm incomodado alguns reacionários, alguns conservadores na área madeireira, porque os bons madeireiros estão
trabalhando de acordo com o governo (...) Nós não vamos arredar
o pé. Vamos ser firmes, vamos
manter o controle", disse o presidente, na edição de ontem de seu
programa quinzenal de rádio,
"Café com o Presidente".
Ao tratar da questão ambiental,
Lula lembrou o pacote federal
lançado na semana passada (publicado na última sexta-feira e ontem no "Diário Oficial" da
União), como a criação de cinco
áreas de preservação na região
amazônica (sendo duas no Pará) e
a interdição de 8 milhões de hectares às margens da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém). "Atingimos a maioridade na política ambiental, atingimos a maioridade
no controle da nossa Amazônia e
no controle das nossas florestas."
Sobre reforma agrária, falou do
aumento do volume de recursos
destinados ao Pronaf (Programa
Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar). Ignorou,
porém, os recordes de invasão e
morte e o fato de não ter cumprido nenhuma meta de assentamento desde que assumiu o governo, em janeiro de 2003.
Neste mês, ao menos quatro
pessoas foram assassinadas no
Pará em conflitos fundiários, entre elas a freira Dorothy Stang,
morta a tiros em Anapu.
Desde então, o governo enviou
2.000 homens do Exército para a
região e anunciou reforço de estrutura para a Polícia Federal e
autarquias como Ibama e Incra.
Nesta semana, a Secretaria Especial de Direitos Humanos promete oferecer proteção policial a 65
pessoas de sete municípios da região de Anapu que estão sob
ameaça de morte -entre vítimas,
testemunhas e defensores dos direitos humanos.
"Eu acho que é abominável que
as pessoas ainda achem que um
revólver 38 seja a solução para um
conflito, por mais grave que ele
seja (...) Nós não descansaremos
enquanto não prendermos os assassinos (...) E esses, que se precipitaram e mataram pessoas, terão
que ser punidos", disse Lula.
(EDUARDO SCOLESE e JULIA DUAILIBI)
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