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GOLPE
Guerrilheiro
falso mente
e consegue
R$ 1.000
da Sucursal de Brasília
Para ajudar supostos ex-guerrilheiros colombianos ilegalmente
no Brasil, as representações da
ONU e da Cruz Vermelha, a Embaixada da Espanha, entidades ligadas à Igreja e a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos
Deputados armaram, no mês passado, uma discreta operação para
conseguir asilo político ao grupo.
Mas tudo não passou de um golpe de cerca de R$ 1.000 aplicado
não por um grupo, mas por somente uma pessoa, latina-americana, de identidade até agora desconhecida.
"Foi malandragem, aproveitaram da nossa boa-fé", conta o presidente da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara, deputado
Pedro Wilson (PT-GO), uma das
vítimas.
Às vezes, se apresentando como
Manuel, outras como José ou
Walter, mas sempre falando em
espanhol, o golpista se dizia porta-voz de um grupo de 15 ex-guerrilheiros colombianos.
Eles teriam deserdado da Farc
(Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia) depois de 15 anos de
trabalhos prestados à guerrilha de
orientação comunista que atua na
Colômbia desde a década de 60,
responsável por sequestros, extorsão e sociedade com o narcotráfico local.
Mancando, o falso ex-guerrilheiro dizia que, entre eles, havia mulheres e homens feridos à bala. Teriam entrado no Brasil ilegalmente e estariam fugindo para não serem deportados para a Colômbia,
onde eram perseguidos pelo governo e pela Farc.
Com essa história, o tal porta-voz dos ex-guerrilheiros conseguiu dinheiro para viajar de Mato
Grosso a Goiás e depois para Brasília.
A PM goiana soube da história,
investigou, mas não conseguiu
prender ninguém.
Pelo trajeto, o "ex-guerrilheiro"
foi deixando uma lista de vítimas,
que davam R$ 20, R$ 40 ou R$ 100.
Além do deputado Pedro Wilson
-que ajudou o "grupo" a viajar
para Brasília-, também caíram
no conto vários religiosos de
Goiás.
Na capital federal, o golpista foi
encaminhado à Embaixada da Espanha, ao comitê de refugiados da
ONU (Organização das Nações
Unidas) e à Cruz Vermelha Internacional. O caso chegou a ser discutido na Comissão de Direitos
Humanos da Câmara.
Sumiu
Depois de muitos telefonemas
trocados entre Brasil, Espanha,
Colômbia e Estados Unidos, chegou-se a uma conclusão: havia
uma possibilidade real de a Espanha dar asilo político para os
ex-guerrilheiros, mas eles deveriam se entregar à Polícia Federal.
Final da história: o grupo nunca
apareceu, porque simplesmente
não existia. Mas seu "porta-voz"
conseguiu tirar pelo menos R$
1.000 (dinheiro para comida,
transporte, remédios etc) dos envolvidos na articulação.
O falso guerrilheiro ainda foi visto nas proximidades da rodoviária
de Brasília, dando golpes menos
sofisticados. Depois, sumiu.
(LUCAS FIGUEIREDO)
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