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São Paulo, sábado, 22 de março de 2003

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Brizola critica Fome Zero e diz que PDT dará "apoio independente" a Lula

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
ANA PAULA GRABOIS
DA FOLHA ONLINE

O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, afirmou ontem que o partido adotará uma posição independente em relação ao governo Lula. Ele criticou o Fome Zero e o ministro das Comunicações e deputado licenciado do PDT, Miro Teixeira.
Brizola foi reeleito ontem presidente do partido, em convenção no Rio. Ele usou a palavra "demagogia" para se referir ao mais visível programa do governo federal. "Achamos que matar a fome só com comida é demagogia. Dar comida hoje e amanhã não resolve. E depois, como é que fica?"
Segundo ele, o PDT vai mudar sua posição em relação ao governo. "Entre as sinalizações que a convenção deu está a de continuar apoiando o governo Lula, mas de uma forma diferente daqui por diante. Havia uma espécie de voto de confiança sem exceções. Agora, vamos apoiar de maneira independente, examinando medida por medida", afirmou.
Para Brizola, "há uma porção de medidas anunciadas das quais o PDT discorda frontalmente", como as propostas para a reforma da previdência e a trabalhista.
A convenção marcou ainda mais a divisão dentro do PDT entre o grupo de Brizola e o de Miro. A escolha do deputado por Lula para o ministério teve como objetivo dar força ao grupo de Miro dentro do partido. Para Brizola, o ministro não representa o PDT no governo. "A rigor, não estamos no governo. O ministério foi uma negociação do governo com Miro e seus adeptos. A direção nacional não participou das negociações."
Brizola disse ainda que a escolha de Miro por Lula tinha como objetivo agradar às Organizações Globo: "Verificamos que o Lula necessitava fazer essa articulação com as Organizações Globo. Precisava agradar, dados os vínculos de amizade e de relações que sempre possuiu o deputado Miro com essas organizações e com o senhor Roberto Marinho".
As Organizações Globo informaram, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentariam as declarações de Brizola.
O ex-governador criticou ainda o ministro por ele ter dito que não iria à convenção. "Ele disse que foi chamado pelo presidente [Lula]. Mandei dizer para ele que o chamado que ele deve atender é o do partido dele." Após chegar à convenção, Miro disse: "O que se viu aqui [Brizola e Miro se abraçaram] foi uma manifestação espontânea. Nem eu tenho necessidade de bajular o Brizola, nem ele de me bajular. O resto é intriga".


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