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Brizola critica Fome Zero e diz que PDT dará "apoio independente" a Lula
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
ANA PAULA GRABOIS
DA FOLHA ONLINE
O presidente nacional do PDT,
Leonel Brizola, afirmou ontem
que o partido adotará uma posição independente em relação ao
governo Lula. Ele criticou o Fome
Zero e o ministro das Comunicações e deputado licenciado do
PDT, Miro Teixeira.
Brizola foi reeleito ontem presidente do partido, em convenção
no Rio. Ele usou a palavra "demagogia" para se referir ao mais visível programa do governo federal.
"Achamos que matar a fome só
com comida é demagogia. Dar
comida hoje e amanhã não resolve. E depois, como é que fica?"
Segundo ele, o PDT vai mudar
sua posição em relação ao governo. "Entre as sinalizações que a
convenção deu está a de continuar apoiando o governo Lula,
mas de uma forma diferente daqui por diante. Havia uma espécie
de voto de confiança sem exceções. Agora, vamos apoiar de maneira independente, examinando
medida por medida", afirmou.
Para Brizola, "há uma porção de
medidas anunciadas das quais o
PDT discorda frontalmente", como as propostas para a reforma
da previdência e a trabalhista.
A convenção marcou ainda
mais a divisão dentro do PDT entre o grupo de Brizola e o de Miro.
A escolha do deputado por Lula
para o ministério teve como objetivo dar força ao grupo de Miro
dentro do partido. Para Brizola, o
ministro não representa o PDT no
governo. "A rigor, não estamos
no governo. O ministério foi uma
negociação do governo com Miro
e seus adeptos. A direção nacional
não participou das negociações."
Brizola disse ainda que a escolha de Miro por Lula tinha como
objetivo agradar às Organizações
Globo: "Verificamos que o Lula
necessitava fazer essa articulação
com as Organizações Globo. Precisava agradar, dados os vínculos
de amizade e de relações que sempre possuiu o deputado Miro com
essas organizações e com o senhor Roberto Marinho".
As Organizações Globo informaram, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentariam as declarações de Brizola.
O ex-governador criticou ainda
o ministro por ele ter dito que não
iria à convenção. "Ele disse que foi
chamado pelo presidente [Lula].
Mandei dizer para ele que o chamado que ele deve atender é o do
partido dele." Após chegar à convenção, Miro disse: "O que se viu
aqui [Brizola e Miro se abraçaram] foi uma manifestação espontânea. Nem eu tenho necessidade de bajular o Brizola, nem ele
de me bajular. O resto é intriga".
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