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JANIO DE FREITAS
Faz de conta(s)
Não é admissível que os
oposicionistas sejam tão mal
informados (ou esquecidos)
sobre seu tempo de governo
OU É PURA FARSA, na qual Lula
caiu de cabeça, ou os oposicionistas aderiram à autoflagelação, com sua aparente insistência em investigar, a pretexto do caos
no transporte aéreo, as grandes
obras que a Infraero realiza em aeroportos pelo país todo. Entre as
obras iniciadas ou continuadas no
governo Lula, várias das licitações,
que são o momento primordial da
corrupção, e muitas das "correções"
de custo foram de responsabilidade
do governo de Fernando Henrique
Cardoso.
Lula sabe dos seus motivos para
determinar a recusa absoluta à investigação na Câmara, como proteção ao governo, mas não é admissível que os oposicionistas sejam tão
mal informados (ou esquecidos) sobre os seus tempos de governo.
Caso a oposição desejasse mesmo
abrir um rasgo na indumentária
moral do governo Lula, disporia logo
de dois assuntos cortantes e afiadíssimos: repasses a certas ONGs e similares; e, como demonstrou Marta
Salomon na Folha de ontem, os R$
2,4 bilhões gastos pelo Ministério
das Cidades em projetos alheios
que nem ao menos apreciara, nos
casos em que existiam.
Mas os dois temas envolvem interesses diretos de numerosos deputados e senadores e, portanto,
riscos se houvesse investigação. O
faz de conta é mais seguro para governo e oposição.
Ora, ora
Diz-se que há suspeita de transgressão de sigilo, para lucros fáceis,
rápidos e deliciosos na Bolsa, do
negócio de US$ 4 bilhões que foi a
venda da Ipiranga a Petrobras,
Braskem e Ultra.
Suspeita? Seria possível imaginar um negócio de tal dimensão, no
Brasil, que ficasse preservado em
plena e santa honestidade?
Até parece deboche, isso de falarem só em suspeitas.
Os donos
A Direção Geral de Impostos de
Portugal está fazendo constatações
e comprovações formidáveis na dinheirama do futebol. Uma delas,
por exemplo, é que os agentes de
jogadores, hoje dominando o futebol no mundo todo, só pagam cerca
de 10% dos impostos devidos. As
fortunas das transações são deslocadas entre países, até chegar a paraísos fiscais, muitos deles, na
América Central.
Os mesmos truques servem,
também, às comissões pagas em sigilo a dirigentes de clubes e a intermediários. Feitos tais descontos
nos formidáveis valores de que a
imprensa fala, a respeito de passes
e salários, o restante que fica para o
jogador também pode valer-se dos
truques.
Aqui, naturalmente, empresários, dirigentes de clubes e de federações enriquecem, como os jogadores, na mais irrepreensível honestidade. Inclusive com a Receita
Federal, que nunca precisou se
preocupar com essas riquezas.
Outro
Não, não, a CPI do Apagão não
seria para pesquisar o que aconteceu com a cabeça presidencial, não.
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