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Base governista na Câmara derruba CPI da crise aérea
Casa aprova recurso do PT, mas STF ainda estuda mandado de segurança do PFL e pode determinar que a comissão seja instalada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A base governista na Câmara
conseguiu na noite de ontem
sepultar momentaneamente a
instalação da CPI do Apagão
Aéreo. Por 308 votos a 141, o
plenário aprovou o recurso do
PT que pedia a anulação da CPI
sob o argumento principal de
que ela descumpre a exigência
constitucional de ter um foco
de investigação específico.
A votação encerrou uma disputa acalorada de 13 dias entre
governo e oposição, mas a palavra final ainda não foi dada. O
STF (Supremo Tribunal Federal) analisa nos próximos dias
um mandado de segurança do
PFL que tem o objetivo de obrigar a Câmara a instalar a CPI.
O único a comemorar ontem,
com o braço direito erguido, foi
o líder do PT, Luiz Sérgio (RJ).
Entre os governistas, houve
"traições" em seis partidos, em
um total de 30 defecções. O
destaque foi o PV do ministro
Gilberto Gil, com 11 dissidências. No PSB houve três votos
pela CPI, entre eles o do ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE).
No PMDB, que terá cinco ministérios, dos 75 votantes, 9 foram contra o governo.
O PDT, favorável à comissão
quando de sua apresentação,
recuou ontem e fechou 100%
com o governo. "Firmou-se a
convicção na bancada de que isso virou um jogo político", discursou Miro Teixeira (RJ), enquanto o pefelista Rodrigo
Maia (RJ) gritava "é isso aí, Ministério da Previdência". O presidente do PDT, Carlos Lupi, é
cotado para ocupar a pasta.
O argumento técnico usado
para sepultar a CPI foi apenas
um pretexto usado pelos aliados do Planalto, que teme os
possíveis rumos que a CPI tomaria, entre eles, a investigação sobre obras aeroportuárias
sob suspeita. O PFL, por exemplo, ingressou ontem na Procuradoria com representação pedindo investigação nas obras.
PFL, PSDB e PPS apostam
todas as suas fichas no mandado de segurança analisado pelo
STF. Já os governistas avaliavam que a decisão do plenário
contra a CPI enfraqueceria a
tendência de o Supremo atender aos anseios da oposição.
"Não sei qual será a decisão
do Supremo, mas creio que nada é mais representativo do
pensamento da Casa do que essa decisão do plenário", afirmou o presidente da Câmara,
Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Relator do caso no Supremo,
o ministro Celso de Mello disse
ontem que irá examinar o pedido da oposição independentemente da decisão da Câmara.
"Vocês dão um voto envergonhado, a favor do extermínio de
154 brasileiros, que vocês querem varrer para debaixo do tapete", discursou Ronaldo Caiado (PFL-GO), lembrando o acidente com o avião da Gol. "Tá
todo mundo com medo de abrir
a caixa-preta do apagão aéreo.
Há muito mais coisa no ar do
que avião de carreira", reforçou
Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).
"Acidente aéreo não é coisa
de político, é para especialista",
respondeu Beto Albuquerque
(PSB-RS), um dos více-líderes
do governo.
(RANIER BRAGON, FÁBIO ZANINI, LETÍCIA SANDER E SILVANA DE
FREITAS)
Confira como votou cada deputado
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