São Paulo, quinta-feira, 22 de março de 2007

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Base governista na Câmara derruba CPI da crise aérea

Casa aprova recurso do PT, mas STF ainda estuda mandado de segurança do PFL e pode determinar que a comissão seja instalada

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A base governista na Câmara conseguiu na noite de ontem sepultar momentaneamente a instalação da CPI do Apagão Aéreo. Por 308 votos a 141, o plenário aprovou o recurso do PT que pedia a anulação da CPI sob o argumento principal de que ela descumpre a exigência constitucional de ter um foco de investigação específico.
A votação encerrou uma disputa acalorada de 13 dias entre governo e oposição, mas a palavra final ainda não foi dada. O STF (Supremo Tribunal Federal) analisa nos próximos dias um mandado de segurança do PFL que tem o objetivo de obrigar a Câmara a instalar a CPI.
O único a comemorar ontem, com o braço direito erguido, foi o líder do PT, Luiz Sérgio (RJ).
Entre os governistas, houve "traições" em seis partidos, em um total de 30 defecções. O destaque foi o PV do ministro Gilberto Gil, com 11 dissidências. No PSB houve três votos pela CPI, entre eles o do ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE). No PMDB, que terá cinco ministérios, dos 75 votantes, 9 foram contra o governo.
O PDT, favorável à comissão quando de sua apresentação, recuou ontem e fechou 100% com o governo. "Firmou-se a convicção na bancada de que isso virou um jogo político", discursou Miro Teixeira (RJ), enquanto o pefelista Rodrigo Maia (RJ) gritava "é isso aí, Ministério da Previdência". O presidente do PDT, Carlos Lupi, é cotado para ocupar a pasta.
O argumento técnico usado para sepultar a CPI foi apenas um pretexto usado pelos aliados do Planalto, que teme os possíveis rumos que a CPI tomaria, entre eles, a investigação sobre obras aeroportuárias sob suspeita. O PFL, por exemplo, ingressou ontem na Procuradoria com representação pedindo investigação nas obras.
PFL, PSDB e PPS apostam todas as suas fichas no mandado de segurança analisado pelo STF. Já os governistas avaliavam que a decisão do plenário contra a CPI enfraqueceria a tendência de o Supremo atender aos anseios da oposição.
"Não sei qual será a decisão do Supremo, mas creio que nada é mais representativo do pensamento da Casa do que essa decisão do plenário", afirmou o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Relator do caso no Supremo, o ministro Celso de Mello disse ontem que irá examinar o pedido da oposição independentemente da decisão da Câmara.
"Vocês dão um voto envergonhado, a favor do extermínio de 154 brasileiros, que vocês querem varrer para debaixo do tapete", discursou Ronaldo Caiado (PFL-GO), lembrando o acidente com o avião da Gol. "Tá todo mundo com medo de abrir a caixa-preta do apagão aéreo. Há muito mais coisa no ar do que avião de carreira", reforçou Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).
"Acidente aéreo não é coisa de político, é para especialista", respondeu Beto Albuquerque (PSB-RS), um dos více-líderes do governo. (RANIER BRAGON, FÁBIO ZANINI, LETÍCIA SANDER E SILVANA DE FREITAS)

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