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Para ministro de Lula, TV estatal quem faz é Chávez
Sem explicar, Costa afirma que proposta de TV do governo pode ser custeada por PPP
Titular das Comunicações critica pasta da Cultura e afirma que "não tem ninguém querendo fazer culto de personalidade"
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A TV pública do governo federal poderá ser feita por meio
de PPP (Parceria Público Privada), disse ontem o ministro Hélio Costa (Comunicações). As
empresas poderiam custear a
programação em troca de desconto no Imposto de Renda.
Ontem, em tom de desabafo,
o ministro disse que a sua proposta não é a criação de uma TV
estatal, e sim de uma TV pública. Segundo Costa, "TV estatal
é o que o Chávez faz".
Costa aproveitou também
para criticar o Ministério da
Cultura, envolvido na discussão sobre o projeto.
"Uma das maneiras que nós
temos de tratar a TV pública é
propor uma espécie de PPP.
Propõe-se PPP para tudo, por
que não se pode propor uma
PPP para a TV pública?", disse.
"Se alguma empresa estiver
querendo participar desse projeto, nós vamos pedir à Receita
que estude uma maneira de esse dinheiro colocado na TV pública entrar como desconto no
Imposto de Renda. É uma maneira de trazer o empresário
para participar de um projeto
social importante", afirmou
ele, sem dar mais detalhes.
Segundo Costa, esse tipo de
parceria valeria mais para os
canais de educação e cultura e
citou como exemplo o canal
Futura. O Futura está nas TVs
por assinatura Net, Sky e DirectTV. A Rede Globo, ex-empregadora do ministro, é uma
de suas parceiras.
Ontem, quando questionado
objetivamente se a TV que defende seria estatal ou pública,
Costa aproveitou para provocar setores do governo mais ligados à esquerda. "TV estatal é
o que o Chávez faz, TV estatal é
o que se faz em Cuba, TV estatal
é o que se fazia na Polônia, TV
estatal é o que se fazia na antiga
União Soviética. Estive em todos esses lugares para saber
perfeitamente qual é a diferença entre estatal e público."
O ministro afirmou que a
criação de uma rede pública poderia partir da ampliação da
Radiobrás que, segundo ele, hoje chega só a 30% do país.
E afirmou ainda ter havido
incompreensão do que ele estava propondo. "É um absurdo
você pensar que o ministro das
Comunicações, que é um profissional do setor de comunicações e um senador, vá fazer alguma proposta que não seja do
interesse público", disse.
"Não tem ninguém querendo
fazer TV estatal, não tem ninguém querendo fazer culto de
personalidade", declarou.
Desabafo
O ministro voltou a entrar
em conflito com o Ministério
da Cultura, com quem já discutira publicamente há um ano.
"Quem se intitula em querer
falar de TV pública -e eu não
sei quem lhe deu essa delegação- é o Ministério da Cultura.
Fique com eles, estou passando
de papel passado. Por favor,
quando quiserem falar de TV
pública agora perguntem ao
ministro Gilberto Gil. Não é comigo mais", disse Costa.
O Ministério da Cultura informou que esperaria a publicação das declarações para se
pronunciar.
O secretário-executivo do
Ministério da Cultura, Juca
Ferreira, disse em entrevista à
Folha na terça-feira que era a
favor de uma TV pública, "e não
de uma TV estatal, a serviço do
governante de plantão". Ferreira afirmou ainda que "estranhava" o anúncio da iniciativa
do governo pelo ministro das
Comunicações.
Essa é segunda vez que as
duas pastas entram em conflito. Em março de 2006, Gil leu
um cordel no qual Costa era
chamado de "empresário boçal". O ministro das Comunicações reagiu chamando Gilberto
Gil de "Gilberto Vil".
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