da Reportagem Local

O público potencial da reforma agrária no Brasil chega a 3,118 milhões de famílias. É a primeira vez que um estudo técnico independente consegue quantificar a população-alvo desse programa.
Para se ter uma idéia do que esse número significa, o total de famílias assentadas pelo governo Fernando Henrique Cardoso no seu primeiro mandato (1995-98) equivale a apenas 9,2% do público potencial da reforma agrária.
Para chegar aos 3,118 milhões, os pesquisadores do Rurbano somaram as famílias dos trabalhadores rurais agrícolas, as pluriativas (que têm ao menos um membro ocupado em atividade não-agrícola) e a dos desempregados rurais.
Todas essas famílias têm em comum o fato de estarem localizadas no meio rural, serem ligadas à agricultura, mas não possuírem terras.
A pesquisa mostra ainda que esse grupo de famílias agrícolas sem-terra está em queda. Elas eram 3,234 milhões em 1992, caíram para 3,210 milhões em 1993, para 3,172 milhões em 1996 e chegaram a 3,118 milhões em 1997.
A diminuição de 116 mil famílias entre 1992 e 1997 se deve ao programa de assentamentos do governo federal. Nesse mesmo período, o Incra assentou 204 mil famílias.
O fato de ter havido mais assentamentos do que diminuição no público-alvo da reforma agrária revela um outro problema.
"O problema é assentar famílias, mas, ao mesmo tempo, criar condições por intermédio de uma política agrícola para manter essas pessoas que já têm terras vivendo da agricultura", diz José Graziano da Silva.
Tudo indica que o grupo das famílias rurais sem terra está sendo engrossado por famílias que viviam da agricultura familiar e tiveram que vender suas propriedades. Sinal disso é que o total de famílias com terra que trabalha sozinha, ou tem no máximo até dois empregados, vem caindo. Passou de 4,772 milhões em 1992 para 4,464 milhões em 1997.
Boa parte dessas 126 mil famílias que perderam as terras continuaram no meio rural e passaram a engrossar o público potencial da reforma agrária.
Isso ocorreu a despeito dos programas de crédito para a agricultura familiar do governo federal.
(JRT)


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