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SERRA PELADA
Conflito adiou votação que definiria comando da cooperativa da categoria
Dois garimpeiros são feridos no Pará
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Dois garimpeiros foram feridos
a faca neste fim de semana em
Serra Pelada, no sul do Pará, durante um tumulto na assembléia
geral da categoria. O Batalhão de
Choque da Polícia Militar teve
que intervir e adiar a votação que
definiria o comando da cooperativa. O clima é tenso na área.
Houve briga e quebra-quebra.
Os feridos passam bem, segundo
a PM. Por segurança, a tropa de
choque cercou a sede da cooperativa de garimpeiros. Um grupo
dissidente votaria a destituição do
atual presidente do órgão.
Desde novembro de 2002, três
garimpeiros foram assassinados
em Serra Pelada por causa da disputa entre quatro facções pelo comando da Coomigasp (Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada). Nenhum acusado dos assassinatos havia sido preso. Entre
os assassinados está o presidente
do sindicato dos Mineradores e
Garimpeiros de Curionópolis,
Antônio Clênio Cunha Lemos.
Pelo menos 50 soldados da PM
permanecerão no garimpo até o
fim do impasse. Cerca de 20 policiais já fazem ronda diária na região para evitar mais crimes.
Um decreto, aprovado no Congresso em setembro passado, autorizou a retomada da exploração
do ouro em cem hectares da área e
gerou uma espécie de "segunda
febre ouro" no garimpo. Cerca de
6.000 garimpeiros voltaram para
o local desde então. Parte já iniciou o garimpo clandestino.
Em novembro passado, uma
tropa de 600 soldados do Exército
ocupou o garimpo por quatro
dias para evitar um confronto entre grupos rivais.
O garimpo de Serra Pelada foi
explorado de 1980 a 1992. O apogeu da exploração de ouro foi entre 1984 e 1985. Segundo garimpeiros, os cem hectares a serem
explorados ainda teriam 160 toneladas de ouro.
Serra Pelada é um distrito, com
9.000 habitantes, do município de
Curionópolis. No início do mês,
representantes dos governos estadual, federal e sindicatos decidiram que o presidente João Amaro
Lepos, afastado da cooperativa
desde janeiro, poderia reassumir
o cargo até a próxima eleição,
marcada para ocorrer em julho.
No entanto, um grupo de garimpeiros liderado pelo prefeito
de Curionópolis, Sebastião Curió
(PMDB), marcou a assembléia
neste fim de semana para tentar
destituir Lepos. Uma nova reunião foi marcada para hoje na Justiça de Curionópolis para definir
se Lepos poderá reassumir.
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