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São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 2003

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SERRA PELADA

Conflito adiou votação que definiria comando da cooperativa da categoria

Dois garimpeiros são feridos no Pará

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Dois garimpeiros foram feridos a faca neste fim de semana em Serra Pelada, no sul do Pará, durante um tumulto na assembléia geral da categoria. O Batalhão de Choque da Polícia Militar teve que intervir e adiar a votação que definiria o comando da cooperativa. O clima é tenso na área.
Houve briga e quebra-quebra. Os feridos passam bem, segundo a PM. Por segurança, a tropa de choque cercou a sede da cooperativa de garimpeiros. Um grupo dissidente votaria a destituição do atual presidente do órgão.
Desde novembro de 2002, três garimpeiros foram assassinados em Serra Pelada por causa da disputa entre quatro facções pelo comando da Coomigasp (Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada). Nenhum acusado dos assassinatos havia sido preso. Entre os assassinados está o presidente do sindicato dos Mineradores e Garimpeiros de Curionópolis, Antônio Clênio Cunha Lemos.
Pelo menos 50 soldados da PM permanecerão no garimpo até o fim do impasse. Cerca de 20 policiais já fazem ronda diária na região para evitar mais crimes.
Um decreto, aprovado no Congresso em setembro passado, autorizou a retomada da exploração do ouro em cem hectares da área e gerou uma espécie de "segunda febre ouro" no garimpo. Cerca de 6.000 garimpeiros voltaram para o local desde então. Parte já iniciou o garimpo clandestino.
Em novembro passado, uma tropa de 600 soldados do Exército ocupou o garimpo por quatro dias para evitar um confronto entre grupos rivais.
O garimpo de Serra Pelada foi explorado de 1980 a 1992. O apogeu da exploração de ouro foi entre 1984 e 1985. Segundo garimpeiros, os cem hectares a serem explorados ainda teriam 160 toneladas de ouro.
Serra Pelada é um distrito, com 9.000 habitantes, do município de Curionópolis. No início do mês, representantes dos governos estadual, federal e sindicatos decidiram que o presidente João Amaro Lepos, afastado da cooperativa desde janeiro, poderia reassumir o cargo até a próxima eleição, marcada para ocorrer em julho.
No entanto, um grupo de garimpeiros liderado pelo prefeito de Curionópolis, Sebastião Curió (PMDB), marcou a assembléia neste fim de semana para tentar destituir Lepos. Uma nova reunião foi marcada para hoje na Justiça de Curionópolis para definir se Lepos poderá reassumir.



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