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Auto-suficiência não é total, diz Francisco Gros
DA SUCURSAL DO RIO
Para o ex-presidente da Petrobras Francisco Gros, apesar da comemoração "justa" da auto-suficiência, é necessário explicitar
que ela foi conquistada apenas
"em termos brutos", uma vez que
o país continuará dependente de
importação de óleo leve e de derivados como diesel e nafta -cuja
produção seguirá insuficiente para atender ao mercado doméstico.
Gros, último presidente da
companhia no governo FHC e
que atualmente preside a Fosfértil, afirmou ainda que será um
equívoco se a Petrobras restringir
à atual administração o feito da
auto-suficiência: "Nada do que
está acontecendo surgiu de geração espontânea nos últimos meses. Isso é fruto de um trabalho de
53 anos, dos técnicos da empresa
e de inúmeros governos".
Para ele, as cifras gastas com publicidade -R$ 37 milhões só na
campanha da auto-suficiência-
são excessivas: "Fico um pouco
impressionado com os gastos publicitários que acontecem hoje em
dia no governo federal, muito
maiores do que no passado".
Na avaliação do executivo, diferentemente das duas últimas administrações do período FHC, a
Petrobras voltou a atender a interesses do Executivo. "A empresa
começou a deixar de ser braço do
governo [no final do governo
FHC] e a se comportar como empresa eficiente, competitiva e lucrativa, o que era melhor para o
país e para todos."
Sob o governo Lula, diz, a estatal
está "se voltando às práticas antigas", de ser usada politicamente.
"Houve um retrocesso", diz Gros.
"Mudança no discurso"
De acordo com Gros, nada de
novo foi introduzido pela atual
gestão tanto nas regras de conteúdo nacional como na política de
preços da Petrobras. A mudanças,
diz, foram muito mais "no discurso" do que "na prática".
No caso do conteúdo nacional,
Gros diz que o percentual de encomendas à indústria local se
manteve praticamente inalterado
na casa de 35% -a Petrobras fala
em 60% nas novas plataformas.
Sobre a política de preço, o executivo diz que vale a mesma análise: a mudança ficou apenas no
discursos, já que os preços continuaram paritários aos do mercado internacional, sem um alinhamento imediato. "Não há razão
lógica em subsidiar o consumo
desses produtos [combustíveis],
que são escassos e finitos. Não
tem nenhuma lógica subsidiar
com preços artificiais."
Assim como em sua gestão, diz,
a grande discussão que ocorre
agora é quanto à periodicidade do
alinhamento ao mercado externo,
que, na visão de Gros, não deve
ser de imediato.
(PEDRO SOARES)
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