São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Meio do caminho

Governo e oposição devem executar nesta semana os passos de um acordo costurado nos últimos dias para derrubar a convocação de Dilma Rousseff à Comissão de Infra-Estrutura do Senado, onde a ministra deveria falar sobre o dossiê de gastos de FHC produzido na Casa Civil. Pelo entendimento, o presidente da comissão, Marconi Perillo (PSDB-GO), colocaria em votação no próprio colegiado um recurso do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), contra a convocação, por ser supostamente anti-regimental.
Imediatamente, então, caberia a Jucá anunciar a ida de Dilma à comissão no próximo dia 29 para falar sobre o PAC, atendendo a uma convocação anterior.

Perguntar... Os líderes governistas que passam adiante o "spinning" segundo o qual o noticiário do dossiê teve o efeito de alavancar as chances de Dilma Rousseff para 2010 são os mesmos que estão em plantão permanente para evitar que a ministra tenha de prestar esclarecimentos sobre o caso no Congresso.

...não ofende. Se o dossiê fez tão bem à saúde eleitoral de Dilma, por que tanto receio de deixá-la falar a respeito?

Aperitivo. Enquanto se arrumava no cabeleireiro para o casamento da filha, na sexta, Dilma lia "Um Drink antes da Guerra", romance policial do americano Dennis Lehane.

Descarrego. Para aliviar o estresse de uma CPI que não ata nem desata, a presidente da Comissão mista dos Cartões, Marisa Serrano (PSDB-MS), passou o fim de semana prolongado no spa do hotel Casagrande, no Guarujá. A senadora tomou banho de sal grosso e, para dar seqüência à dieta frugal, saiu de lá ontem levando duas maçãs na bolsa.

Mais uma 1. A despeito da inflação de CPIs no Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN) prometeu, no fórum de Comandatuba, instalar também a da Educação, insistentemente cobrada por Cristovam Buarque (PDT-DF).

Mais uma 2. Presente ao evento, o ministro Fernando Haddad evitou bombardear a idéia, mas acha que CPI é instância por demais "passageira" para discutir a educação.

Fora d'água. A entrega das medalhas da Inconfidência, ontem em Ouro Preto (MG), foi um treino de palanque para Márcio Lacerda (PSB), pré-candidato em Belo Horizonte inventado pelo governador Aécio Neves (PSDB) e pelo prefeito Fernando Pimentel (PT). De "perfil técnico", ele ainda estava "muito tímido", segundo um correligionário.

Pé fora. José Alencar, o mais homenageado em Ouro Preto, deu a entender que seu partido, o PRB, deve ficar fora do "bonde do Aécio" em BH. O vice fez duas homenagens à deputada Jô Moraes, pré-candidata do PC do B que nem estava presente ao evento.

Teoria e prática. Apesar do discurso crítico do PT em relação às AMAs, modelo intermediário entre posto de saúde e hospital implantado na gestão Serra-Kassab, três vereadores do partido já pediram à prefeitura a instalação de unidades em suas bases eleitorais. São eles Paulo Fiorillo, Arselino Tatto e Zelão.

Veja bem. Depois de divulgar nota apoiando as críticas do comandante militar da Amazônia à política indigenista do governo, o PDT amenizou o discurso. "Não somos contra o índio. Afinal, fomos o primeiro partido a colocar um deles, o Juruna, no Congresso", afirma o líder na Câmara, Vieira da Cunha (RS).

Sem trégua. A tensão entre governo e oposição no Senado extrapola os limites da Casa. Enquanto a ruralista Kátia Abreu (DEM-TO) faz campanha para presidir a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Aloizio Mercadante (PT-SP) trabalha pelo candidato adversário, Fábio Meirelles.

Tiroteio

O relator Luiz Sérgio está optando pela velha solução de "retirar o sofá da sala".


Do líder do PSDB na Câmara, JOSÉ ANÍBAL (SP), sobre a proposta do petista, relator da CPI, de mudar o visual dos cartões corporativos para que membros do governo não os "confundam" com cartões pessoais.

Contraponto

Nível do debate

A eleição presidencial no Paraguai, vencida pelo ex-bispo Fernando Lugo, teve ainda como candidatos Blanca Ovelar, 1m80, ex-jogadora de basquete, e Lino Oviedo, 1m60, general da reserva. Durante um debate, um jornalista perguntou, em tom provocativo, se Oviedo daria um cargo à adversária em seu eventual governo.
-Sim, daria. A seleção de basquete feminino do Paraguai está mal, então eu pediria que a senhora Blanca voltasse a jogar-, respondeu ele.
Quando chegou sua vez de falar, ela revidou:
-Esse debate tem que melhorar de altura. Sugiro que seja a minha, e não a do general Oviedo.


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