São Paulo, quarta, 22 de abril de 1998

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PERSONALIDADE
Presidente do Senado tem crise de choro ao saber da morte do filho
"Por que não eu?', diz ACM

da Sucursal de Brasília

O presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), ficou desesperado ao saber da morte do filho, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA). "Perdi a minha vida. Por que não fui eu? Por que o meu filho?", disse ACM, chorando, segundo o relato do senador Francelino Pereira (PFL-MG).
ACM já perdeu uma filha, a caçula Ana Lúcia Maron de Magalhães, que se suicidou aos 28 anos.
O desabafo foi feito quando ACM abraçava Francelino, ainda segundo o senador mineiro, que saiu do Hospital Santa Lúcia por volta das 21h.
O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Velloso, que deixou o hospital logo depois, afirmou que ACM havia sido medicado para controlar o nervosismo. Segundo Velloso, o senador estava "em prantos".
Por volta das 17h15, ACM deu uma entrevista coletiva e procurou minimizar a gravidade do infarto sofrido por Luís Eduardo. Ele chegou a desautorizar as declarações do chefe do Serviço Médico da Câmara, José Luiz Veloso, o primeiro a anunciar o infarto.
"Esse chefe não deve entender nada de cardiologia. Ele não tem autoridade para isso, porque não viu o doente", disse o senador.
Tentando amenizar o problema, o senador ainda fez uma afirmação contraditória durante a entrevista: "Não acredito que tenha sido infarto. Isso ainda pode acontecer. Se foi, foi pequeno". ACM é médico, formado em 52 pela Universidade Federal da Bahia.
Antes de ACM, o porta-voz da presidência do Senado, Fernando César Mesquita, havia transmitido a versão da família, omitindo o infarto.
"Houve efetivamente um problema circulatório. A informação é que a situação está sob controle e que ele (Luís Eduardo) está fora de perigo", disse Mesquita, pouco depois das 17h.
O próprio Mesquita, cerca de três horas depois, anunciou a morte de Luís Eduardo. Ele se aproximou dos jornalistas e fez um sinal de negativo, com o polegar voltado para baixo.
ACM foi informado da gravidade da situação por volta das 19h. Preocupado, ficou sentado à porta da Unidade de Terapia Intensiva, enquanto o cardiologista Bernardino Tranchesi Jr., médico da família, examinava o deputado.
O anúncio da morte ampliou a movimentação de políticos no hospital. O líder do governo no Congresso, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), foi o primeiro a chegar depois do anúncio.
"Quando eu saí, estava tudo bem", disse Arruda, pouco depois das 20h, demonstrando surpresa. Ele havia estado no hospital durante a tarde.
"ACM não tem como se refazer emocionalmente desta perda. Ele nunca mais será o mesmo. Todo pai tem um projeto para o filho e ACM trabalhou muito para preparar o projeto político do filho", disse o senador Epitácio Cafeteira (PPB-MA).
O vice-presidente Marco Maciel saiu do hospital minutos antes do anúncio da morte. Cercado pelos jornalistas, ele disse apenas que esperava que tudo acabasse bem.



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