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Aníbal Abbate Soley
Ex-senador vê prisão
como um sequestro
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU
O ex-senador e hoje exportador
Aníbal Abbate Soley, 69, não aceita a palavra "prisão" para definir
o episódio em que foi detido e levado para uma base militar por
agentes do Exército Brasileiro. Para ele, foi um sequestro.
Líder do Mopoco (Movimento
Popular Colorado) no exílio, Soley foi levado de Foz do Iguaçu, no
Paraná, para Formosa, em Goiás,
onde existia uma base de operações do Exército, próxima de Brasília. Segundo Soley, ele e seus
dois companheiros teriam ficado
confinados, sob responsabilidade
do então coronel Curió.
Em 1989, Aníbal Soley foi eleito
senador pela ANR (o partido Colorado). Um ano depois renunciou para viver no Brasil. (JM)
Agência Folha - Como o sr. foi preso?
Aníbal Abbate Soley - Eu não fui
preso. Fui sequestrado em minha
casa. Minha filha mais velha tinha
oito anos. Foi uma violência que
jamais esquecerei.
Agência Folha - O sr. disse que foi
levado pelo coronel Curió. O que foi
conversado?
Soley - Durante a viagem de Foz
até a base, que ficava umas quatro
horas distante de Brasília, ele (Curió) afirmava que o regime no
Brasil era corrupto, assim como
os generais paraguaios. Ele queria
que eu entrasse no jogo. Queria
críticas ao governo brasileiro.
Agência Folha - O sr. tinha conhecimento de alguma ação contra o
governo do Paraguai?
Soley - Não. Além de conhecer o
César (César Cabral), nada mais
eu sabia sobre movimentos extremados. Eu era presidente do
Lions em Foz. Era maçom, não estava envolvido em ações diretas.
Agência Folha - O sr. pode explicar como ser maçom ajudou?
Soley - Olha. Quando fui preso,
a maçonaria se revoltou. A minha
prisão chegou ao Falcão (Armando Falcão, então ministro da Justiça). Isso pode ter ajudado no fato de que nenhum dos presos foi
entregue a Stroessner. Se o Brasil
tivesse entregado, todos teriam
morrido. Mas não foi só isso. O
papa, o presidente da Venezuela e
organismos de direitos humanos
também ajudaram.
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