São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2007

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Conselho suspende procurador por 45 dias

Punição de Luiz Francisco foi solicitada pelo ex-ministro Eduardo Jorge por suposta perseguição política

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) determinou ontem a suspensão do procurador-regional da República Luiz Francisco de Souza por 45 dias e aplicou pena de censura ao procurador-regional Guilherme Schelb.
As punições foram solicitadas por Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-secretário-geral da Presidência de Fernando Henrique Cardoso e alvo de uma ação de improbidade administrativa proposta pelos dois procuradores de Brasília, além de pedidos de quebra de sigilo.
Ele acusou Luiz Francisco e Schelb de fazer perseguição política contra ele no governo FHC e logo depois. A corregedoria do Ministério Público Federal tinha arquivado representações em que ele pedia que a dupla fosse investigada por faltas funcionais. A pedido de Eduardo Jorge, o CNMP as reabriu e ontem concluiu o exame desse processo disciplinar.
Foi a primeira vez que um procurador foi punido pelo CNMP desde a sua criação, há dois anos. Tanto Eduardo Jorge quanto Luiz Francisco assistiram à sessão, mas o procurador retirou-se da sala antes do término do julgamento. Schelb não estava presente.
O ex-secretário-geral da Presidência disse que aguarda o desfecho de ação por danos morais contra os dois procuradores na Justiça Federal em Brasília. Ações penais movidas contra eles foram arquivadas porque prescreveram. Segundo Eduardo Jorge, a ação de improbidade contra ele está paralisada. Ela foi movida em 2003, mas até hoje ele não foi nem sequer citado. Os procuradores afirmam que ele atuava em quadrilha que fraudava o INSS.
Ele afirmou que foi a primeira pessoa a propor um processo no CNMP, quando ele foi instalado, em 2005. O protocolo o registrou como o pedido de revisão nš 1. Luiz Francisco divulgou nota afirmando que a punição "é ilícita e injusta" e disse que irá recorrer ao Supremo Tribunal Federal sob argumento de que o conselho não pode aplicar uma pena por fatos ocorridos antes de sua criação.

Perfil
Com seu poder de investigação limitado, Luiz Francisco Fernandes de Souza, 45, o mais controverso procurador da República da era FHC, hoje tem rotina de trabalho burocrática: "Eu me sinto bastante inútil".
Segundo ele, "no final do governo FHC, ele me tirou a arma central que eu utilizava até contra ele próprio. Eu processei uns 20 ou 30 ministros, todos por improbidade administrativa. Acontece que no governo Lula eu não podia processar ninguém, porque foi editada uma lei que criou a prerrogativa de foro para essas ações", disse. Em 2004, uma resolução do ex-procurador-geral Claudio Fonteles colocou "algema" sobre a sua atuação, ao impedir a iniciativa de investigação.
A rotina atual é diferente. "Chego por volta de 1h da tarde. Recebo três processos por dia. Tenho uma assessora jurídica, uma secretária que estuda direito e duas estagiárias. Até as 17h, a gente já acabou com tudo e não tenho mais o que fazer". Dedica a maior parte do tempo a ler livros e a cuidar de gastos.


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