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ADMINISTRAÇÃO
Iniciativa prevê investimento em 150 cidades para tentar melhorar posição do país em ranking da ONU
FHC anuncia plano de combate à pobreza
WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com intervalo de uma semana,
o governo federal anuncia a execução de dois planos voltados para reduzir os índices de pobreza
em municípios carentes. Ontem,
foi dada a partida do projeto Comunidade Ativa, em 150 cidades.
A diretriz desse programa, segundo o governo, é estimular os
municípios, por meio de ações integradas, a gerar emprego, oportunidade de renda, desenvolvimento social e econômico
Na próxima quarta-feira, dia 28,
será anunciada a liberação de R$ 5
bilhões para outro projeto, ainda
sem nome (batizado informalmente como "IDH 12"), em outros 2.000 municípios.
Os dois programas atuarão nas
mesmas áreas: aquelas em que o
IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano, utilizado pela Organização das Nações Unidas para
classificar os países considerando
a qualidade de vida que oferecem
- o Brasil está em 79º lugar) está
abaixo da linha média de pobreza.
A diferença é que o Comunidade Ativa prevê ações de longo prazo, enquanto o segundo plano é
mais imediatista.
Ontem, ao presenciar a assinatura dos primeiros convênios do
"pacto de desenvolvimento local,
integrado e sustentável" do Comunidade Ativa, o presidente
Fernando Henrique Cardoso afirmou que a estratégia é "fazer uma
série de convergências nas áreas
mais carentes do Brasil".
Segundo assessores, a idéia do
governo ao atacar as áreas mais
carentes é reverter os índices sociais negativos, o que, por tabela,
elevaria a aprovação popular ao
presidente e ao seu governo.
A busca de melhoria na popularidade de FHC incluiu também o
lançamento, anteontem, do Plano
Nacional de Segurança Pública,
para o qual foram anunciados R$
3 bilhões até 2002.
O presidente disse que, apesar
de ser necessário liberar recursos
para obras de execução mais rápida -como pretende fazer o programa IDH 12-, "o caminho certo" é aquele previsto na estratégia
de trabalho do Comunidade Ativa, mais extenso.
"Essas ações (do IDH 12) não
serão feitas para substituir o Comunidade Ativa, porque esse é o
caminho que realmente vai permitir um enrijecimento da sociedade, no bom sentido, das pessoas serem capazes, elas próprias,
de dizer o que querem e ajudarem
a obter o que elas querem, o que
elas desejam", disse FHC.
Segundo o presidente, esse processo "é necessariamente lento".
"É um trabalho de preparação das
almas, não só de distribuição de
bens materiais. É de preparação
dos espíritos, para que as pessoas
possam participar e ajudar a deliberar", afirmou.
FHC disse que, embora falar em
mobilização popular seja "facílimo e elementar", implementar
medidas "é um problema". "Fazer requer coragem, convicção,
persistência e crença no rumo".
Embora busque respostas na
avaliação de seu próprio governo,
o presidente disse que "a história
é que dirá se esse esforço será realmente capaz de obter resultados".
"Quando se vai colher isso? Não
sei. Quem vai colher? Também
não sei. O povo, certamente."
Medidas imediatas
O novo plano de ação imediatista vem sendo chamado de IDH 12
porque atende a 2.000 municípios
dos 12 Estados mais carentes: os 9
do Nordeste mais Pará, Acre e Tocantins.
Apesar de o governo reconhecer
problemas, ficarão de fora áreas
pobres como o Vale do Ribeira
(SP), o Vale do Jequitinhonha
(MG) e o entorno do Distrito Federal.
O presidente vem trabalhando
sobre um conjunto de 40 programas e projetos que passarão a ter
tratamento prioritário dentro do
Orçamento da União.
A lista final não está definida e
só deve ser concluída na semana
que vem.
Segundo a Folha apurou, entre
as medidas do IDH 12 está a que
permite que os Estados possam
contrair empréstimos externos
para obras de saneamento urbano (água e esgoto) e de energia
elétrica rural, por exemplo, passando a ter tratamento excepcional dentro dos rigores impostos
pelo programa de ajuste fiscal.
Também haverá reforços para a
melhoria do ensino médio, uma
vez que a rede de ensino fundamental está organizada, segundo
avaliação do governo.
O IDH 12 prevê que o governo
federal irá repor parte das perdas
dos Estados desde que elas sejam
aplicadas no ensino médio. Também estão sendo estudadas medidas de incentivo à produção.
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