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MINISTÉRIO PÚBLICO
Recondução de procurador-geral é criticada por associação de procuradores, que fez eleição simbólica
FHC reconduz Brindeiro para 4º mandato
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, permanecerá no cargo durante todo o período que resta do governo do
presidente Fernando Henrique
Cardoso. O Senado recebeu ontem mensagem de FHC indicando-o para o quarto mandato.
O quarto mandato consecutivo
de Brindeiro, de mais dois anos,
só depende agora da aprovação
de seu nome, praticamente certa.
Depois de visitar o gabinete de senadores, nas últimas semanas, ele
obteve o apoio de 57 deles em documento enviado ao Palácio do
Planalto pedindo a recondução.
O presidente do Senado, Jader
Barbalho (PMDB-PA), foi um dos
que não aderiram ao apoio formal. Com esse gesto, ele tenta demonstrar indiferença à questão.
O procurador-geral concentra
grande poder de investigação de
autoridades acusadas de praticar
crimes. Depende de iniciativa dele
a abertura de inquérito criminal e
ação penal contra presidente da
República, senadores, deputados
e ministros de Estado.
Caberá a ele, por exemplo, decidir futuramente sobre um eventual pedido de quebra de sigilo
bancário de Jader caso surjam indícios de que ele recebeu dinheiro
da venda irregular de TDAs (títulos da dívida agrária) quando era
ministro da Reforma Agrária.
Anteontem, Brindeiro descartou a medida por ora e afirmou
que ela só será tomada posteriormente se Jader for indiciado pela
Polícia Federal. O procurador
prometeu acelerar o processo.
Brindeiro tem fama de arquivar
os processos considerados inconvenientes para o governo ou de
impor ritmo lento a eles. ""Essa fama [de arquivar os processos inconvenientes" é de alguns que
acham que devo abrir mão da minha independência", reagiu.
""Não vou nunca oferecer processo contra ninguém sem provas ou
por pressão de quem quer que seja", disse em visita ao Senado, no
final da tarde de ontem.
Marco Aurélio
O presidente do STF, ministro
Marco Aurélio de Mello, evitou
criticar a recondução, fazendo
apenas um comentário lacônico:
"É uma opção de Sua Excelência,
o presidente da República."
O Planalto avaliou que a nova
recondução seria a melhor alternativa. A indicação já estava decidida há dias, mas foi oficializada
ontem, uma semana antes do fim
do mandato, em 28 de junho.
Brindeiro enfrenta resistências
dentro do próprio Ministério Público Federal. Grande parte dos
procuradores da República considera que o trabalho dele está mais
direcionado à preservação de interesses do governo do que à defesa da instituição.
A ANPR (Associação Nacional
dos Procuradores da República)
promoveu eleição simbólica de
três procuradores para a sucessão
de Brindeiro. Foram ""eleitos" Antonio Fernando Barros e Silva de
Souza (184 votos), Cláudio Fonteles (123) e Ela Wiecko de Castilho
(103). Brindeiro ficou em sétimo
lugar, com 67 votos.
""Não há lista, há uma consulta
informal da qual 40% do Ministério Público não participou", comentou Brindeiro.
O presidente da ANPR, Carlos
Frederico, lamentou ontem a escolha de FHC: "É um ato legítimo
do presidente indicar novamente
o doutor Brindeiro porque (a recondução) está prevista na Constituição, mas esse ato não atende
aos anseios dos procuradores".
A entidade defende mudança
na Constituição para que o procurador-geral só possa ser reconduzido ao cargo uma vez e o presidente da República fique obrigado a fazer a indicação com base
em lista tríplice. O governo discute a possibilidade de desvincular o
cargo da carreira de procurador.
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