São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2005

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Raquel dirá que Mabel propôs mesada

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A deputada Raquel Teixeira dirá hoje ao Conselho de Ética que recebeu do líder do PL, Sandro Mabel (GO), oferta em dinheiro para trocar o PSDB pelo PL. "Não me omitirei", disse ela ontem à Folha. Mas ponderou: "Eu não tenho como provar: é a minha palavra contra a palavra de outra pessoa".
Ontem, em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) confirmou que teve de sua colega Raquel (PSDB-GO) a informação de que ela teria recebido proposta em dinheiro de Mabel para mudar de partido.
Licenciada do mandato no Congresso desde o início do ano, quando assumiu a Secretaria de Ciência e Tecnologia do governo de Goiás, Teixeira contou que o convite foi feito em fevereiro de 2004, três meses antes de o governador Marconi Perillo ter relatado o assédio a Luiz Inácio Lula da Silva, durante uma visita do presidente a Rio Verde (GO).
A oferta em dinheiro superava os R$ 30 mil mensais tidos como o "valor-padrão" do suposto "mensalão". Poderia chegar a R$ 40 mil, de acordo com a oferta, além de um bônus de R$ 1 milhão.
A deputada disse que recusou a proposta antes de perguntar detalhes, como a origem do dinheiro. "As pessoas criaram uma expectativa de que eu vou oferecer uma coisa que eu não tenho condições de dar. Eu não fiquei fazendo pergunta. Ele fez o convite e eu fiquei assim, meio perplexa", disse.
Sandro Mabel nega que tenha oferecido dinheiro a Raquel. Alega ser "impossível" operar um esquema de mesada a parlamentares aliados, como o denunciado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Sustenta também que, em 2004, o PL recusou 15 congressistas que queriam entrar no partido. "Havia parlamentares que queriam vir, nós dissemos não." Mas não nega o convite a Raquel.
Mabel entrara no PL no ano anterior, logo depois de assumir o mandato, eleito pelo PFL. Desde então, preside o partido em Goiás, onde integra a base de apoio político de Perillo. Em fevereiro de 2004, na mesma época do convite à Teixeira, Mabel passou a liderar a bancada do PL na Câmara.
Antes de falar ao Conselho de Ética, Teixeira buscará anotações em suas agendas da época.
Ela se lembra de Mabel ter se mostrado como pessoa próxima do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu. Em uma outra ocasião, o deputado do PL teria posto o então ministro ao telefone para conversar com ela.
A deputada disse não saber quem seria o segundo deputado federal tucano abordado com oferta de dinheiro, como teria relatado Marconi Perillo a Lula.


Colaborou FÁBIO ZANINI, da Sucursal de Brasília

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