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Raquel dirá que Mabel propôs mesada
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A deputada Raquel Teixeira dirá
hoje ao Conselho de Ética que recebeu do líder do PL, Sandro Mabel (GO), oferta em dinheiro para
trocar o PSDB pelo PL. "Não me
omitirei", disse ela ontem à Folha.
Mas ponderou: "Eu não tenho como provar: é a minha palavra
contra a palavra de outra pessoa".
Ontem, em depoimento ao
Conselho de Ética da Câmara, o
deputado Carlos Alberto Leréia
(PSDB-GO) confirmou que teve
de sua colega Raquel (PSDB-GO)
a informação de que ela teria recebido proposta em dinheiro de
Mabel para mudar de partido.
Licenciada do mandato no Congresso desde o início do ano,
quando assumiu a Secretaria de
Ciência e Tecnologia do governo
de Goiás, Teixeira contou que o
convite foi feito em fevereiro de
2004, três meses antes de o governador Marconi Perillo ter relatado o assédio a Luiz Inácio Lula da
Silva, durante uma visita do presidente a Rio Verde (GO).
A oferta em dinheiro superava
os R$ 30 mil mensais tidos como o
"valor-padrão" do suposto "mensalão". Poderia chegar a R$ 40
mil, de acordo com a oferta, além
de um bônus de R$ 1 milhão.
A deputada disse que recusou a
proposta antes de perguntar detalhes, como a origem do dinheiro.
"As pessoas criaram uma expectativa de que eu vou oferecer uma
coisa que eu não tenho condições
de dar. Eu não fiquei fazendo pergunta. Ele fez o convite e eu fiquei
assim, meio perplexa", disse.
Sandro Mabel nega que tenha
oferecido dinheiro a Raquel. Alega ser "impossível" operar um esquema de mesada a parlamentares aliados, como o denunciado
pelo deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ). Sustenta também que,
em 2004, o PL recusou 15 congressistas que queriam entrar no partido. "Havia parlamentares que
queriam vir, nós dissemos não."
Mas não nega o convite a Raquel.
Mabel entrara no PL no ano anterior, logo depois de assumir o
mandato, eleito pelo PFL. Desde
então, preside o partido em Goiás,
onde integra a base de apoio político de Perillo. Em fevereiro de
2004, na mesma época do convite
à Teixeira, Mabel passou a liderar
a bancada do PL na Câmara.
Antes de falar ao Conselho de
Ética, Teixeira buscará anotações
em suas agendas da época.
Ela se lembra de Mabel ter se
mostrado como pessoa próxima
do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu. Em uma outra ocasião, o deputado do PL teria posto o então
ministro ao telefone para conversar com ela.
A deputada disse não saber
quem seria o segundo deputado
federal tucano abordado com
oferta de dinheiro, como teria relatado Marconi Perillo a Lula.
Colaborou FÁBIO ZANINI, da Sucursal
de Brasília
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