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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/INVESTIGAÇÃO
Operação revela divergência entre os procuradores, que desejam ampliar a investigação, e a polícia, que tenta restringi-la aos Correios
Aliados de Jefferson são alvo de buscas da PF
GILMAR PENTEADO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A pedido do Ministério Público,
a Polícia Federal desencadeou
uma operação de busca e apreensão em casas e em locais de trabalho de dois ex-servidores ligados
ao deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ) e de um assessor do senador Ney Suassuna (PMDB-PB).
A 10ª Vara Federal Criminal de
Brasília determinou o cumprimento de 11 mandados de busca
em Brasília, Paraná e Rio. Os alvos
foram o ex-presidente da Eletronorte Roberto Garcia Salmeron, o
ex-diretor da Embratur e tesoureiro informal do PTB Emerson
Palmieri -ligados a Jefferson- e
Henry Rohler, assessor de Suassuna. Ontem, os três não foram
encontrados pela reportagem.
A operação revelou ontem a primeira grande divergência entre a
PF, que quer restringir a investigação aos Correios, e os procuradores, que fazem uma apuração
mais ampla. A Procuradoria nega,
no entanto, que esteja investigando o suposto "mensalão".
Os policiais federais cumpriram
em Brasília mandados de busca
na casa e em dois locais de trabalho de Salmeron -em um deles,
na própria Eletronorte. Na gravação que revelou o suposto esquema de corrupção nos Correios, o
ex-chefe de departamento Maurício Marinho fala que Salmeron,
amigo de Jefferson, é um representante do petebista nas estatais.
A PF também cumpriu mandado na Embratur em busca de documentos deixados por Palmieri.
À Folha, Jefferson disse que ele o
ajudou a dividir o dinheiro vindo
do PT para candidatos do PTB.
Na fazenda do tesoureiro informal do PTB, em Japira (PR), a PF
apreendeu uma pistola 380, de
Palmieri, documentos, cópias de
cheques e extratos bancários,
duas agendas telefônicas e uma
espécie de ata, com relatório de
reunião na qual teriam estado deputados federais e responsáveis
por cargos públicos no Paraná.
A Folha apurou que a ata ou relatório se tratava de uma reunião
de julho de 1995.
A operação no Rio, que teria como alvo Henry Rohler, estava em
andamento até a noite de ontem.
Assessor de Suassuna, Rohler é citado por Jefferson como a pessoa
que acompanhava Arlindo Gerardo Molina em uma visita ao gabinete do deputado em 3 de maio.
Foi nesse encontro que Jefferson
disse ter sido vítima de extorsão.
Os procuradores no Distrito Federal não deram declarações à
imprensa.
A operação diverge das apurações da PF, para quem os mandados de busca não seriam necessários, já que o foco são possíveis irregularidades nos Correios.
A Procuradoria também desencadeou duas novas frentes de investigação. Os procuradores no
DF solicitaram à Procuradoria
Geral que peça à Casa Civil contratos de publicidade nos ministérios e Presidência. Também foi
solicitado à Procuradoria no Rio
que investigue Marcus Vinícius
Vasconcelos, genro de Jefferson.
Colaborou JOSÉ MASCHIO, da Agência
Folha, em Londrina
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