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Receita do PT com "dízimo" de filiados sobe 545% em 4 anos
Sigla arrecadou R$ 2,9 mi em 2006 com o que foi pago por ocupantes de cargo de confiança
Oposição acusa governo de ter criado cargos para engordar a contribuição; para Marco Aurélio Garcia, as críticas são "ridículas"
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O crescimento da máquina
administrativa do governo, sua
ocupação por petistas e a criação de novos cargos têm rendido bons frutos ao caixa do partido. Nos quatro primeiros
anos do governo Lula, houve
um salto de 545%, já descontada a inflação, na arrecadação do
"dízimo" com filiados que ocupam cargos de confiança no
Executivo e Legislativo.
O "dízimo" é um percentual
do salário que cada um precisa
recolher ao partido.
Só nesta semana, Lula anunciou duas medidas que aumentam novamente o gasto com
servidores sem concurso: um
reajuste salarial que chega a
140% em alguns casos e a criação de mais 600 cargos de confiança em vários ministérios. Já
são mais de 2.000 cargos sem
concurso criados pelo petista.
No ano passado, só com o "dízimo", o PT arrecadou R$ 2,88
milhões. Em 2002, último ano
na oposição, foram R$ 446 mil,
em valores atuais.
Nos últimos anos, o partido
se expandiu rápido, ganhando a
Presidência, governos estaduais e ampliando a bancada no
Congresso. Houve um crescimento geral da receita petista,
de 204%, em termos reais. Bem
menor que o salto na arrecadação com o "dízimo", portanto.
Como proporção da receita
total do PT, a contribuição dos
filiados subiu de 1,7% em 2002
para 8,6% em 2005. Em 2006
ela foi de 3,7%, mas foi um ano
atípico: por causa da eleição
presidencial, a receita total do
partido foi muito inflada por
uma enxurrada de doações para a campanha.
A expectativa é que em 2007
a proporção volte a subir.
Finanças
O PT vive uma situação financeira dramática, com uma
dívida na praça de R$ 45 milhões. O aumento salarial dos
cargos de confiança anunciado
nesta semana dará um refresco:
a receita anual com o "dízimo"
deve crescer R$ 500 mil.
Segundo uma estimativa do
partido, há 5.000 petistas em
cargos no Executivo federal.
Mas menos de mil pagam em
dia o "dízimo". Por isso, o partido decidiu endurecer. Está fazendo uma "blitz" no país, proibindo inadimplentes de participar de eventos partidários.
"Estamos tendo bons resultados na inclusão de inadimplentes no sistema de contribuição do partido", disse Paulo
Ferreira, tesoureiro do PT.
O "dízimo" é uma marca registrada do PT, desde a fundação. O salário entra na conta do
filiado e em seguida tem uma
parcela, variando de 2% a 10%,
"capturada" pelo partido, a partir de autorização bancária.
Partidos de oposição vêm
acusando o governo de ter criado cargos para engordar a contribuição. O DEM ingressou
com uma ação no Supremo Tribunal Federal. Anteontem, o
assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia disse
que as críticas eram "ridículas".
"Eu dou o meu dinheiro para
quem eu quiser."
Para Ferreira, a tentativa de
fazer a relação "não se sustenta". "Uma coisa não tem nada a
ver com a outra. O governo deu
aumento para servidores essenciais, que tinham salário
congelado havia anos."
A arrecadação com a contribuição já foi até maior. Em
2004, era de R$ 3,65 milhões.
Mas a queda desde então não
significa recuo na presença de
petistas. Deve-se meramente a
uma questão contábil.
Na época, o percentual recolhido sobre o salário obedecia a
uma tabela progressiva, com
várias faixas atreladas ao valor
do salário mínimo. Como o mínimo aumentava acima da inflação e os salários ficavam congelados, os servidores acabavam "caindo" de faixa, pagando
menos "dízimo". Preocupado, o
PT mudou o sistema em 2005.
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