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Partido não deve apoiar Ciro Gomes porque PFL já embarcou primeiro na campanha da Frente Trabalhista
CAMPANHA
Se Serra não decolar, PMDB fica com Lula
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao contrário de seções estaduais do PFL e do PPB que ameaçam rever o apoio a José Serra
(PSDB) devido à subida de Ciro
Gomes (PPS) nas últimas pesquisas, o PMDB continua firme com
o tucano. Discretamente, porém,
discute o que fazer num eventual
segundo turno Lula-Ciro.
A Folha apurou que, hoje, a tendência majoritária na cúpula é
pró-PT. Se Ciro demonstrar enorme vantagem sobre Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) nas simulações
de segundo turno, a tendência é liberar cada liderança nacional, estadual e municipal a seguir o caminho que desejar. Essa avaliação
não será feita publicamente, porque o PMDB jogará pesado para
tentar levar Serra ao segundo turno da eleição presidencial.
Mas os dirigentes do partido já
têm data para fazer uma análise
mais precisa sobre quem deverá
estar no segundo turno. Um cacique diz que, passados 20 dias da
propaganda de TV, ficará claro se
Serra conseguirá chegar lá.
Se o candidato do PPS mantiver
o segundo lugar com sete a oito
pontos percentuais acima de Serra, ficará difícil segurar prefeitos e
candidatos a deputado e a senador, que escolheriam na reta final
a canoa de Ciro ou de Lula. Só a
cúpula do PMDB, grupo que bancou a aliança com o PSDB, ficaria
no barco serrista. Os três principais fatores que tornam mais provável um acerto com o PT são:
1) divergências regionais: a avaliação da cúpula é que adversários
políticos de dirigentes peemedebistas, sejam eles do PFL ou do
PSDB, chegarão primeiro ao barco de Ciro. É o caso de Antonio
Carlos Magalhães, cacique pefelista da Bahia que é inimigo mortal do deputado federal peemedebista Geddel Vieira Lima (BA),
um dos mais fiéis serristas.
Outro exemplo é o tucano Tasso
Jereissati, um crítico duro da parcela de poder que o PMDB teve
nos anos FHC. Tasso era o tucano
que poderia ser candidato a presidente em aliança com o PFL. O
PMDB sempre preferiu Serra.
Tasso será forte num eventual
governo Ciro, uma espécie de fiador da governabilidade e interlocutor empresarial. Na campanha
cirista, é lembrado para ministro
da Fazenda ou chefe da Casa Civil.
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, que rompeu com o governo, é outro nome cotado para
o ministério. Também é lembrado para a Casa Civil.
O próprio Ciro é crítico duro do
PMDB. Ataca Serra lembrando
que o tucano apoiou a eleição de
Jader Barbalho para presidente
do Senado. Jader renunciou ao
posto e ao mandato devido a acusações de envolvimento em irregularidades no caso da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia);
2) base parlamentar: além da indisposição entre aliados de peso
de Ciro e dirigentes do PMDB, há
também a avaliação peemedebista do chamado "atacado político".
Se o candidato do PPS chegar ao
segundo turno e Serra ficar pelo
caminho, já que Lula parece ter
uma das duas vagas assegurada,
parcela expressiva do PSDB e a fatia do PFL que está com o tucano
serão candidatas a formar o núcleo de sustentação de Ciro, ao lado das legendas da aliança. Ou seja, um governo Ciro teria PPS,
PDT e PTB mais PSDB e PFL como siglas de sustentação. Nesse
caso, o PMDB estaria sujeito a ser
canibalizado, com Ciro estrangulando o poder dos peemedebistas
inimigos de seus aliados;
3) avaliação sobre o PT: a menos
que Ciro Gomes se torne uma onda tão forte que mostre que Lula
será esmagado no segundo turno,
a cúpula vê vantagens em um
acordo com o petista.
Reta final
O mais importante a oferecer ao
PT é o apoio de dirigentes estaduais na reta final da eleição e a
força congressual para dar sustentação a um eventual governo
Lula no Legislativo. Assim, o
PMDB seria o partido que garantiria ao PT o núcleo de sustentação parlamentar, ajudando os petistas a atrair um setor do PSDB.
Na avaliação da cúpula tucana, a
base do eleitorado do PSDB ficaria com Ciro, se Serra não chegar
ao segundo turno. Mas FHC e
Serra tenderiam a apoiar o PT.
O presidente repetiria o comportamento do ministro Pedro
Malan (Fazenda) na eleição para
o governo do Distrito Federal em
1998. Malan não assumiu publicamente, mas vazou por assessores
e interlocutores que preferia o petista Cristovam Buarque a Joaquim Roriz, peemedebista que
acabou eleito governador.
Mais: dirigentes peemedebistas
que boicotaram a aliança com
Serra têm afinidades com o PT, o
que facilitaria um reagrupamento, já que o partido rachou ao
apoiar o tucano. Exemplo: Orestes Quércia, candidato ao Senado
que fez aliança branca com Lula
em São Paulo, poderia se entender com o presidente do partido,
o deputado federal Michel Temer,
aliado de Serra. Há casos parecidos em outros Estados.
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