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Governadores vão
usar impasse para pressionar União
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ameaça de um impasse nas
votações do Congresso será o
principal instrumento de pressão dos governadores para obter concessões do Planalto na
reforma tributária, em duas
reuniões marcadas para hoje à
tarde com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e ministros
no Planalto.
Os governadores reivindicam maior participação no bolo das receitas tributárias da
União, mas o governo está dividido sobre a conveniência de
fazer concessões menos de
uma semana após ter recuado
em sua proposta original de reforma da Previdência.
O ministro José Dirceu (Casa
Civil) defende a flexibilidade na
negociação com os governadores com o argumento de que
seria melhor ceder um pouco
agora do que ter uma perda política séria mais adiante. Já Antonio Palocci Filho (Fazenda)
tenta preservar a integridade
do texto original.
Ontem, Palocci sondou os
governadores sobre a possibilidade de adiamento da reunião
desta tarde. Os governadores
preferiram manter a agenda.
Antes das reuniões no Planalto,
a primeira só com Dirceu e Palocci e a segunda de todos com
Lula, eles se reúnem em um hotel de Brasília para afinar o discurso ensaiado desde ontem.
Para os governadores, se eles
e o Planalto chegarem divididos ao Congresso, a votação da
reforma pode chegar a um impasse. Especialmente no Senado, a Casa que representa os
Estados. Mais ainda: os governadores planejavam que precisam se sentir compromissados
com uma reforma feita para
atender a Estados e União, do
contrário, podem se "desinteressar" por elas.
Trata-se de uma referência
não só às reformas da Previdência e tributária, mas sobretudo à votação da prorrogação
da CPMF (o imposto do cheque) que o Planalto terá de enfrentar no final do ano. Pelas
regras atuais, no início de 2004
a alíquota de 0,38% cobrada sobre cada cheque emitido cairá
para 0,08%, um baque na arrecadação da União.
Para manter a alíquota de
0,38% o governo precisará do
apoio de três quintos do Congresso, assim como para aprovar as reformas. Os governadores apóiam a prorrogação da
alíquota, mas querem ficar
com uma parte dos mais de R$
20 bilhões arrecadados ao ano.
Os Estados querem ainda
25% da Cide, contribuição cobrada sobre o valor do litro da
gasolina. Isso daria aos Estados
algo em torno de R$ 2,5 bilhões. Os governadores alegam
que se trata de um acordo firmado no Congresso e compromisso assumido por Lula.
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