São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2004

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CAMPO MINADO

Atos e invasões atingem PR, MS, CE, GO e PE; d. Tomás Balduíno diz que grupos estão "à margem da política federal"

Sem-terra cobram Lula com onda de ações

DA AGÊNCIA FOLHA

Movimentos de sem-terra estão organizando mobilizações pela reforma agrária em vários Estados, como parte da nova onda de protestos para marcar o Dia do Trabalhador Rural, no domingo.
"É mais uma forma de cobrança desse grupo que está à margem da política federal que apenas visa o grande produtor", disse o presidente da CPT (Comissão Pastoral da Terra), dom Tomás Balduíno.
Cerca de mil integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) fizeram passeata ontem em Curitiba (PR), onde permanecem concentrados até amanhã realizando uma série de atividades para pressionar o governo federal a cumprir as metas de assentamentos. A caminhada de cerca de 15 km terminou em frente à catedral metropolitana.
O MST no Paraná diz reivindicar terra para assentar 15 mil famílias de acampados. Um documento do movimento afirma que a política econômica "está voltada para o agronegócio, e não para a pequena propriedade". A programação de hoje prevê uma panfletagem em bairros pobres de Curitiba, uma audiência no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e uma palestra.
Em Pernambuco, agricultores sem-terra estão sendo mobilizados para invadir fazendas e participar de manifestações. A OLC (Organização da Luta no Campo) programou cinco invasões para domingo. Segundo o líder da organização no Estado, João Santos, 2.000 pessoas fazem parte da mobilização. As áreas a serem tomadas estão no Agreste, região que a OLC promete atacar com maior intensidade a partir de agora.
Além das invasões, a OLC articula com a CPT a realização de um protesto conjunto em Recife, prevista para ocorrer na segunda.
O MST também anunciou a intenção de intensificar as invasões no final desta semana. Entretanto, até ontem o movimento não havia definido os locais onde agiria.
Devido ao atraso no assentamento de 3.000 famílias no primeiro semestre em Mato Grosso do Sul, 600 sem-terra do MST estão desde segunda acampados em frente às sedes do Incra em Jardim e Dourados. Ontem, 300 sem-terra deixaram o pátio do órgão em Campo Grande, onde estavam desde segunda. O MST desmontou o acampamento após o Incra prometer assentar 7.500 famílias até dezembro no Estado.
No Estado, o MST tem 7.000 famílias em 25 acampamentos.
Em Goiás, 2.100 famílias ligadas ao MST invadiram anteontem a fazenda Florzeira, em Campestre de Goiás. A Justiça concedeu ontem a reintegração de posse.
No Ceará, cerca de 600 agricultores ligados ao MST acamparam ontem em frente à sede do Incra, em Fortaleza, para exigir o assentamento de 2.000 novas famílias. No Estado, são 22 mil famílias assentadas. Foi marcada para hoje uma reunião entre os sem-terra e técnicos do Incra e estaduais.

Questão indígena
Cerca de 300 colonos de Placas (PA) bloquearam ontem trecho da rodovia Transamazônica em protesto contra a demarcação, na região, da terra indígena Cachoeira Seca. A Funai (Fundação Nacional do Índio) disse em Brasília que a demarcação foi suspensa e que o bloqueio era desnecessário.


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