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GOVERNO
Presidente foi à reunião de instalação da nova câmara, comandada por Dirceu
Lula teme que recuperação seja "bolha de crescimento"
EDUARDO SCOLESE
JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pouco mais de um ano depois
de prometer "o espetáculo do
crescimento", o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, diante de 17
ministros, manifestou ontem receio de que sinais de recuperação
sejam apenas "bolhas" de crescimento e cobrou "eficiência" e "investimentos corretos".
O presidente compareceu à instalação da Câmara de Política de
Desenvolvimento Econômico
-gesto de prestígio a José Dirceu
(Casa Civil), que ganhou poderes
ao ter uma câmara criada para ele
presidir, embora Lula tenha deixado claro que ela não irá formular políticas econômicas, a cargo
de Antonio Palocci Filho (Fazenda).
Na cerimônia ocorrida no Palácio do Planalto, o presidente
aproveitou para dar o recado aos
ministros, após a divulgação da
baixa execução orçamentária dos
programas prioritários do governo no primeiro semestre.
Ontem, aos ministros, Lula repetiu expressão dita por ele em
quatro discursos no último um
mês e meio: "O crescimento não
pode ser uma bolha. Tem de ser
um longo período de crescimento". Palocci deu o mesmo recado,
enfatizando a importância dos
programas ministeriais para o
avanço do PIB (Produto Interno
Bruto) num longo prazo.
O evento de ontem, na prática,
transformou-se numa espécie de
reunião ministerial improvisada,
uma vez que a previsão inicial era
de que a cerimônia contasse com
apenas 14 ministros. Acabou durando cerca de três horas e reuniu, além do presidente e dos 17
ministros, o presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles.
A preocupação de Lula ocorre
num momento em que o volume
de gastos mostrou-se abaixo do
orçado no primeiro semestre deste ano. Segundo dados do Siafi
(sistema de acompanhamento de
gastos federais), revelados pela
Folha na semana passada, 40% de
340 programas tidos como prioritários tiveram gasto inferior a 10%
do total reservado no Orçamento
2004. No período, a execução total
atingia 36% da verba disponível.
Na semana passada, Lula chegou a cobrar explicações do ministro do Planejamento, Guido
Mantega. Na ocasião, o ministro
disse que a realidade é positiva e
não se reflete em tais dados. Ontem, Lula enfatizou a necessidade
de investimentos em infra-estrutura e na geração de empregos,
além de uma maior integração
com os vizinhos sul-americanos.
"O objetivo é justamente poder
fazer com que os programas de
sustentação do crescimento e do
desenvolvimento tenham maior
eficiência. O objetivo da câmara é
este: máxima eficiência nesses
programas", disse o porta-voz da
Presidência, André Singer.
Na reunião, Lula buscou não incentivar polarização da câmara
com a de Política Econômica, que
existe desde 2002 e tem na presidência Palocci. Deixou claro para
os presentes que o grupo presidido por Dirceu será o responsável
apenas pela coordenação dos programas de governo, e não pela elaboração de políticas econômicas.
Estudo
O BNDES anunciou ontem que
vai financiar um estudo que deve
apresentar em seis meses um planejamento estratégico para ações
do governo nas áreas de desenvolvimento tecnológico, infra-estrutura e, principalmente, social.
O projeto traz no nome -Brasil
em três tempos: visões do país em
2007, 2015 e 2022- os anos-chave para atingir as metas que serão
fixadas no estudo. O primeiro ano
do governo eleito em 2006 é o primeiro marco. O segundo, 2015, é
o prazo para o cumprimento das
Metas do Milênio, da ONU, que
tratam de indicadores sociais. O
terceiro,é o ano em que a independência do Brasil completará
200 anos.
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