São Paulo, sábado, 22 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Lula e Alckmin adotam um discurso para cada região

No Sul, presidente foca educação e economia; candidato tucano prioriza agronegócio

Antes de viajar, Alckmin pede relatório de problemas locais; Lula tentará ganhar espaço em São Paulo com discurso de inclusão social

MALU DELGADO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

A busca desenfreada pelo voto e as disparidades entre as preferências do eleitorado nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste obrigam os candidatos à Presidência melhor posicionados nas pesquisas -Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin (PSDB)- a adotar discursos e táticas distintas em cada região do país. As regiões representam 85% do eleitorado.
No Sul, onde Lula perde espaço, os coordenadores regionais do PT organizam eventos para aproximar o presidente do eleitor com maior escolaridade e da classe média. A orientação é que Lula eleja a educação como o tema central de comícios e indique iniciativas no setor.
Para atrair a classe média, o discurso de Lula deve, segundo seus coordenadores regionais do Sudeste, enfatizar que haverá maior crescimento econômico num eventual segundo mandato, o que automaticamente melhora a renda e os negócios.Os indicadores econômicos, na visão do PT, devem ser traduzidos para convencer a classe média de que o poder de compra evoluiu.
"Em 1998, a renda per capita em Santa Catarina era R$ 598. Em 2004 passou para R$ 881. Em Florianópolis, passou de R$ 991 para R$ 1.483", disse a senadora Ideli Salvati (SC), coordenadora de campanha.
Alckmin chegou a ultrapassar Lula no Sul. No último levantamento do Datafolha, ambos empatam com 31%.
O PSDB conta com um discurso específico para o segmento do agronegócio para roubar mais votos de Lula no Sul. A crise no setor agrícola tira votos de Lula, dizem coordenadores das duas campanhas. "O setor produtivo e exportador do agronegócio está contra Lula. Ele está liqüidado em Estados como Paraná e Santa Catarina", aposta um tucano.
No Sudeste, a disputa também é acirrada. Lula está com 38% e Alckmin com 35%. A liderança em Minas Gerais e no Rio de Janeiro ainda dão mais tranqüilidade a Lula, apesar de Alckmin liderar em São Paulo (46% a 32%). Isso ocorre porque o petista dispara nas intenções de voto dos eleitores do Nordeste (63% a 12%).
Para neutralizar a preferência de Alckmin em São Paulo, o PT busca, além de tentar seduzir a classe média, consolidar os votos de Lula entre as classes baixas. O argumento de atração da classe média é que a inclusão social minimiza a violência.
"Lula é bem posicionado onde o Estado é presente, nas regiões sustentadas pelo Bolsa-Família e aposentadorias rurais, e onde a economia é fraca", afirmou o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA).
A lógica tucana é que se Alckmin crescer em bolsões de pobreza do Nordeste, como Bahia e Ceará, no Rio e em algumas regiões metropolitanas, sem perder espaço no Sul e Sudeste, haverá segundo turno.
Antes de cada viagem, Alckmin cobra relatórios sobre os problemas dos locais. Hoje, em Santa Catarina, ele falará da crise dos exportadores de carne, prejudicados pela febre aftosa em Estados vizinhos.
À frente do plano de governo tucano está João Carlos Meirelles, autor do projeto de pólos regionais na gestão do tucano em São Paulo. "Ou tratamos das especificidades de cada região, ou vamos ficar jogando conversa fora", diz Meirelles.


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