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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lula e Alckmin adotam um discurso para cada região
No Sul, presidente foca educação e economia; candidato tucano prioriza agronegócio
Antes de viajar, Alckmin pede relatório de problemas locais; Lula tentará ganhar espaço em São Paulo com discurso de inclusão social
MALU DELGADO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
A busca desenfreada pelo voto e as disparidades entre as
preferências do eleitorado nas
regiões Sudeste, Sul e Nordeste
obrigam os candidatos à Presidência melhor posicionados
nas pesquisas -Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin
(PSDB)- a adotar discursos e
táticas distintas em cada região
do país. As regiões representam
85% do eleitorado.
No Sul, onde Lula perde espaço, os coordenadores regionais do PT organizam eventos
para aproximar o presidente do
eleitor com maior escolaridade
e da classe média. A orientação
é que Lula eleja a educação como o tema central de comícios
e indique iniciativas no setor.
Para atrair a classe média, o
discurso de Lula deve, segundo
seus coordenadores regionais
do Sudeste, enfatizar que haverá maior crescimento econômico num eventual segundo
mandato, o que automaticamente melhora a renda e os negócios.Os indicadores econômicos, na visão do PT, devem
ser traduzidos para convencer
a classe média de que o poder
de compra evoluiu.
"Em 1998, a renda per capita
em Santa Catarina era R$ 598.
Em 2004 passou para R$ 881.
Em Florianópolis, passou de
R$ 991 para R$ 1.483", disse a
senadora Ideli Salvati (SC),
coordenadora de campanha.
Alckmin chegou a ultrapassar Lula no Sul. No último levantamento do Datafolha, ambos empatam com 31%.
O PSDB conta com um discurso específico para o segmento do agronegócio para
roubar mais votos de Lula no
Sul. A crise no setor agrícola tira votos de Lula, dizem coordenadores das duas campanhas.
"O setor produtivo e exportador do agronegócio está contra
Lula. Ele está liqüidado em Estados como Paraná e Santa Catarina", aposta um tucano.
No Sudeste, a disputa também é acirrada. Lula está com
38% e Alckmin com 35%. A liderança em Minas Gerais e no
Rio de Janeiro ainda dão mais
tranqüilidade a Lula, apesar de
Alckmin liderar em São Paulo
(46% a 32%). Isso ocorre porque o petista dispara nas intenções de voto dos eleitores do
Nordeste (63% a 12%).
Para neutralizar a preferência de Alckmin em São Paulo, o
PT busca, além de tentar seduzir a classe média, consolidar os
votos de Lula entre as classes
baixas. O argumento de atração
da classe média é que a inclusão
social minimiza a violência.
"Lula é bem posicionado onde o Estado é presente, nas regiões sustentadas pelo Bolsa-Família e aposentadorias rurais, e onde a economia é fraca",
afirmou o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA).
A lógica tucana é que se Alckmin crescer em bolsões de pobreza do Nordeste, como Bahia
e Ceará, no Rio e em algumas
regiões metropolitanas, sem
perder espaço no Sul e Sudeste,
haverá segundo turno.
Antes de cada viagem, Alckmin cobra relatórios sobre os
problemas dos locais. Hoje, em
Santa Catarina, ele falará da
crise dos exportadores de carne, prejudicados pela febre aftosa em Estados vizinhos.
À frente do plano de governo
tucano está João Carlos Meirelles, autor do projeto de pólos
regionais na gestão do tucano
em São Paulo. "Ou tratamos
das especificidades de cada região, ou vamos ficar jogando
conversa fora", diz Meirelles.
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