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Morte do senador deixa carlistas fragmentados e desorientados
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
Fez-se muita política ontem
em meio ao clima de consternação e tristeza do velório de
Antonio Carlos Magalhães. O
público do lado de fora do Palácio da Aclamação gritava palavras de ordem louvando o homenageado. Mas uma claque
com camisetas com a foto de
ACM também não se esquecia
de gritar o nome de ACM Neto,
um dos herdeiros do carlismo.
Dentro, outros carlistas de
primeira grandeza demonstravam pesar pela morte de ACM,
mas não tinham os nomes lembrados nas cantorias vindas da
rua. Foram esquecidos Paulo
Souto, ex-governador da Bahia
e presidente estadual do Democratas, o senador Cesar Borges (DEM-BA) e até o agora senador Antônio Carlos Magalhães Júnior, que era suplente e
assumirá a cadeira do pai.
A morte de ACM deixou o
carlismo fragmentado e desorientado. Em maio, parte dos
carlistas -inclusive seu comandante maior- cogitaram
migrar para o PDT. Estava em
jogo o comando local da legenda. Houve um armistício. Todos ficaram onde estão e Paulo
Souto foi eleito presidente.
Mas o amálgama era ACM.
Sem ele, as chances de os carlistas ficarem unidos é incerta. A
Folha esteve no velório e falou
com mais de duas dezenas de
membros dessa corrente política. Um parente chegou a desabafar, na condição de não ter o
nome citado: "Com a morte de
ACM acaba o carlismo. Agora,
existe o Democratas da Bahia".
A Bahia tem o quarto maior
eleitorado do país. Nas épocas
áureas do carlismo, o DEM tinha de 25% a 30% de seus votos
em eleições no Brasil vindos do
Estado. Paulo Souto, derrotado
para o governo em 2006, tenta
contemporizar. "O carlismo já
há algum tempo teve suas características alteradas. Mas devemos buscar o consenso", diz.
ACM Neto, em seu segundo
mandato de deputado federal e
aos 28 anos, é o mais operante
dos descendentes de ACM na
política. Tem no seu encalço
Luís Eduardo Magalhães Filho,
filho de Luís Eduardo Magalhães -morto em 1998.
Júnior, ficará com a cadeira
do pai, nunca teve pretensões
eleitorais. Já esteve no Senado
de maio de 2001 até 2003,
quando ACM renunciou para
não ser cassado. Ao deixar o
mandato, chegou a dizer à época: "Seria a mesma coisa que se
eu estivesse ocupando a vaga".
Não foi o que aconteceu. Júnior
nunca demonstrou gosto pela
política como seu pai.
Há outro componente imbricado com disputa interna no
carlismo -a sucessão do espólio de ACM entre seus familiares. Ele comandava os negócios. Agora sua mulher Arlete
poderia desempenhar a função
-mas há indicações de que as
operações passarão para a segunda geração dos Magalhães.
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