São Paulo, Quinta-feira, 22 de Julho de 1999
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PAINEL

O império contra-ataca

O imposto ""Robin Hood" (tira dos ricos para dar aos pobres) é só a 1ª jogada de ACM para enfraquecer FHC após o imbróglio Ford. O senador deve lançar mais torpedos, aproveitando a baixa popularidade presidencial para aparecer como defensor dos pobres. Propostas do gênero sempre foram rejeitadas pelo governo FHC.

Aliado e inimigo

ACM, que não pensa em romper com FHC (controla dois ministérios e ainda pode sugar bastante), avalia que tem de marcar diferenças com o presidente para não ser contaminado pela baixa popularidade. Como a relação dos dois piorou muito, está se sentindo à vontade para jogar cascas de banana.

Monopólio do mando

ACM está satisfeito por ter levado a Ford para Bahia com incentivos federais, mas continua contrariado com FHC. Acha que o presidente quis mostrar a autoridade ferindo a sua. Ironia: sempre fez isso com FHC.

Óleo de peroba

FHC não passou recibo à proposta de imposto de ACM, mas detestou a idéia. Disse que, se a maioria do Congresso quiser, basta votar a proposta de taxar grandes fortunas, feita por ele quando senador. O efeito seria o mesmo. Só omite que, como presidente, nunca se empenhou para aprová-la no Parlamento.

Será que...

Preço para FHC dividir a direção do PMDB: R$ 7,6 bi. É o valor que deve ficar com os peemedebistas mais fiéis ao Planalto, que comandam o Ministério dos Transportes, a nova pasta da Integração Nacional e a Secretaria de Políticas Urbanas.

...entrega tudo?

A divisão do ouro: só dos fundos constitucionais, a Integração Nacional pode ter R$ 1,5 bi. O orçamento de investimentos dos Transportes é de R$ 1,4 bi. O da Secretaria de Políticas Urbanas, de R$ 720 mi. A verba do FGTS é R$ 1 bi para habitação e R$ 3 bi para saneamento.

Alternativa ao PT

Descrentes de que ACM tenha chance de suceder FHC e duvidando da capacidade de o PSDB fazer o presidente em 2002, empresários estão conversando com Ciro Gomes. Já há interessados em dar apoio logístico ao presidenciável.

Testamento-bomba

Renan Calheiros deixou uma carta para o presidente na qual detalha quais seriam os motivos para os tucanos terem trabalhado por sua queda do Ministério da Justiça. Circula em Brasília que, se for revelada, a versão de Calheiros levantará poeira.

Sinceridade

FHC nega que tenha dito a um cacique tucano que o amigo José Gregori (Direitos Humanos) seja falante demais e pouco operacional. ""Tenho o maior apreço e consideração por ele", diz o presidente. E Gregori diz: ""Não será uma intriga a mais ou uma intriga a menos que abalará uma amizade de 30 anos".

Conflito à vista

Às vésperas da eleição municipal, a entrega de uma boa parte do orçamento de investimentos ao PMDB deixou o PFL fulo da vida. Principalmente o da Secretaria de Políticas Urbanas, que necessariamente deveria trabalhar articulada com Caixa, que é controlada pela ala pefelista de Marco Maciel.

Carimbo mortal

Não foi por estar disputando a fábrica da Ford que Covas ficou contrariado com os incentivos para a montadora ir para a Bahia. SP sempre esteve fora do páreo. O que preocupa o tucano é a possibilidade de passar para a história, e pela eleição de 2002, como o governador que assistiu à queda do ABC paulista.

Modernidade do chicote

Apesar de a Ford negar, a intenção é diminuir o tamanho da fábrica de São Bernardo do Campo, onde o sindicalismo é ativo e os salários são mais altos. Na Bahia, brincam na cúpula da empresa, ACM manda acabar com as greves.

TIROTEIO

De Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares, sobre ACM ter defendido um novo imposto para combater a pobreza:
- Depois de ter garantido R$ 180 milhões dos cofres públicos para a segunda maior montadora do mundo, ele tinha que arrumar alguma desculpa para tentar ficar de bem com o povo.

CONTRAPONTO

Interesse histórico-alcoólico
O deputado Waldir Pires (PT) convidou recentemente os colegas Walter Pinheiro, Zilton Rocha e Zezéu Ribeiro para jantar em Salvador.
Após a refeição, foram todos para a varanda conversar. No meio do bate-papo, Pires disse ter um ""relíquia francesa". Depois de fazer algum mistério, revelou que se tratava de um licor que guardava com carinho.
Zilton Rocha se antecipou e pediu para conhecer a relíquia. Pires trouxe a garrafa.
Os deputados trataram de alongar a conversa e perguntaram sobre a trajetória do anfitrião no regime militar.
Enquanto isso, os convidados deleitavam-se com a bebida.
Quando a história chegou aos anos 80, época da redemocratização, houve uma repentina pausa longa.
Detalhe: a garrafa, no meio da mesa, já estava vazia.
Zilton, ainda empolgado, perguntou:
- Não tem mais?
Pinheiro resolveu provocar:
- História ou licor?


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