São Paulo, Quinta-feira, 22 de Julho de 1999 |
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NO PERU Fujimori decidiu não considerar corte interamericana FHC discursa, mas não cita questão dos direitos humanos
enviado especial a Lima O presidente Fernando Henrique Cardoso evitou comentar decisão do presidente do Peru, Alberto Fujimori, de não reconhecer mais a Corte Interamericana de Direitos Humanos como órgão de recurso para o caso de violações da cidadania. FHC, que fez ontem dois discursos, não mencionou a questão. "Essa é uma decisão do Peru. Não posso me adiantar a um tema de que não tenho um conhecimento maior e que tem a ver com uma decisão soberana de um Estado", disse FHC, mais tarde, em entrevista. No último dia 6, Fujimori anunciou que o Peru deixava de reconhecer a competência da Corte Interamericana de Direitos Humanos. O Peru aderiu à corte em 1981. O Brasil somente o fez no ano passado. Ontem, mais de duas centenas de entidades publicaram anúncios nos principais jornais peruanos condenando a decisão de Fujimori. Elas temem que direitos básicos fiquem comprometidos a partir de agora. O temor é que o líder do grupo armado maoísta Sendero Luminoso, Oscar Duran, o "camarada Feliciano" -preso na semana passada-, seja julgado sumariamente e condenado à morte, apesar de a Constituição não permitir tal condenação. "Essa decisão se soma a outras tomadas anteriormente, como a promulgação das leis de anistia para violadores de direitos humanos, a desarticulação do Tribunal Constitucional e a vulnerabilidade da independência do Poder Judiciário e do Ministério Público", afirma a Coordenadora Nacional de Direitos Humanos, autora do anúncio. Em entrevista a jornais peruanos, anteontem, Fujimori afirmou que "investidores estrangeiros têm mais confiança quando o risco de ações de violência e de terrorismo é menor". A segurança rigorosa durante a visita de FHC ao Peru está fazendo com que nem mesmo sua assessoria pessoal seja informada de todo o programa que será cumprido no país. Almoço Ontem, somente minutos antes de seguir para um almoço com Fujimori é que a comitiva brasileira soube que ele aconteceria num restaurante isolado, à beira do Oceano Pacífico. O receio de atentados terroristas por parte de organizações como o Sendero Luminoso ou de emboscadas que resultem em reféns faz com que Fujimori evite anunciar com antecedência suas atividades e tenha sempre várias alternativas. FHC está sendo transportado em um Mercedes-Benz blindado, seguido por um comboio de dezenas de batedores e de carros com policiais fortemente armados. Há ainda um helicóptero e um caminhão preparado para a desativação de explosivos. (WF) Texto Anterior: Para Ipea, tributo sobre ricos acabaria com miséria Próximo Texto: Igreja: Dornelles atende a deputados e cancela sindicato de pastores Índice |
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