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Aperto fiscal dura 8 anos, diz Palocci
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A austeridade fiscal durará oito
anos, mas a cada ano o sacrifício
será menor. Uma queda mais significativa dos juros dependerá da
aprovação rápida da reforma tributária e da nova Lei de Falências.
A votação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara foi a principal causa da queda, anteontem, de 2,5 pontos percentuais na taxa básica de juros. O
Banco Central já teve lucro de R$
21 bilhões neste ano.
A Folha apurou que esse foi o
discurso do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) a cerca de 60
deputados federais moderados
do PT, com os quais se reuniu anteontem à noite, em Brasília, para
traçar a estratégia de aprovação
da reforma tributária e da nova
Lei de Falências.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva deverá realizar hoje à noite,
no Palácio da Alvorada, um churrasco com membros do mesmo
grupo de moderados para agradecer o apoio e traçar planos.
Ao prever a manutenção da
austeridade por oito anos, o ministro da Fazenda revelou indiretamente, segundo os presentes,
que acredita na vitória do PT na
eleição presidencial de 2006.
Palocci disse que, no futuro, pode haver um superávit primário
(economia para pagamento de juros) menor que 4,25% do PIB
(Produto Interno Bruto) ao ano,
mas não citou um percentual.
"Não vamos ter vida fácil. Pode
ser que, lá na frente, o grau de severidade seja menor", teria dito.
Parabenizado pela queda de 2,5
pontos nos juros, ele disse que o
mérito é dos moderados do PT. Se
não tivessem tido unidade na votação da reforma da Previdência,
teria sido maior a defecção entre
os aliados e menor o número de
votos decisivos da oposição.
No encontro, Palocci foi claro,
segundo deputados: "Querem
que os juros caiam mais? Votem
rapidamente a reforma da Previdência e a nova Lei de Falências".
Além de Palocci, estiveram presentes os ministros Ricardo Berzoini (Previdência) e Humberto
Costa (Saúde). Os organizadores
da reunião, na casa de um auxiliar
do ministro José Dirceu (Casa Civil), foram quatro deputados.
Esquerda petista
Ao discutir o plano de punição
aos radicais petistas (três deputados e uma senadora), os moderados decidiram adiar o julgamento
de setembro para outubro. Como
o prazo para filiação partidária de
quem quer disputar eleição em
2004 acaba no início de outubro, a
insegurança na obtenção da legenda petista poderia forçar a saída de radicais.
A intenção da cúpula petista é
expulsar só em casos extremos. O
mesmo vale para os oito deputados que se abstiveram na reforma
da Previdência.
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