São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Alckmin diz que vai usar Forças Armadas no combate ao crime

Presidenciável tucano promete valorizar militares e elogia os índices de crescimento da economia durante a ditadura

Candidato ironiza aparição de presidente em programa de correligionário que disputa o governo do Ceará: "É ótimo que Lula o apóie"

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Após ter elogiado ontem os índices de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) durante a ditadura militar (1964-1985), o presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, prometeu valorizar e recuperar as Forças Armadas para utilizá-las no combate ao crime organizado.
"Quando fui prefeito, na década de 70, o Brasil crescia 10% ao ano, teve um ano que cresceu até 11%", disse Alckmin a comerciantes no Brás, zona leste de São Paulo, e criticar o desempenho do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na economia e na segurança.
O candidato anunciou que se encontrará hoje, no Rio, com representantes das Forças Armadas para discutir um plano de defesa nacional, de "valorização" dos militares e de combate à violência urbana.
Entre 1977 e 1982, então no MDB, partido de oposição aos militares, Alckmin foi prefeito de Pindamonhangaba (SP). Os índices de crescimento citados por ele são da primeira metade dos anos 70, período conhecido como "milagre econômico".
"Eu acho que o Brasil tem que crescer de 5% ou 6% para cima", afirmou o tucano. Ele, no entanto, evitou fixar uma meta para seu programa.
No mesmo discurso, disse que vai dar "uma endurecida com esse pessoal do crime organizado". Um dos anfitriões do tucano no evento eleitoral era o deputado estadual Conte Lopes (PTB), policial militar e candidato à reeleição que integra na Assembléia paulista o grupo linha-dura conhecido como "bancada da bala".
Questionado sobre o encontro no Rio, disse: "Nós vamos recuperar as Forças Armadas e fazer um trabalho com elas.
Fronteira seca terá o Exército, a costa brasileira terá a Marinha, o espaço aéreo terá a Aeronáutica, além do trabalho de inteligência da Polícia Federal".
Alckmin, no entanto, foi contra o envio de tropas do Exército a São Paulo por conta das ondas de violência promovidas recentemente pelo crime organizado. O setor é um dos pontos vulneráveis de sua campanha.

Prêmio
À noite, Alckmin entregou o prêmio Personalidade Paulista Viva de Cidadania ao banqueiro Olavo Setubal, presidente do conselho de administração da Itaúsa, holding que controla o banco Itaú. Homenageado do ano passado pela Associação Paulista Viva, Alckmin levou um dos arrecadadores da sua campanha, Marcos Monteiro, ao evento, que reuniu empresários e políticos.
Alckmin encerrou seu discurso com uma brincadeira: "Se prepare, doutor Olavo, para 2010: quem recebe o prêmio Paulista Viva acaba sendo candidato à Presidência da República". Olavo tem 83 anos.
Na chegada, o tucano não exibiu o mesmo bom humor quando questionado sobre a aparição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no programa do governador Lúcio Alcântara (PSDB), candidato à reeleição no Ceará. Ele disse que era "óbvio" que Alcântara o apóia.
"É ótimo que Lula o apóie, maravilha, ele é o melhor candidato no Ceará", disse ele, irônico.
"Não queiram forçar uma coisa que não existe." Ele lembrou que sua mulher está no Ceará fazendo campanha com a primeira-dama no Estado.


Colaborou CATIA SEABRA , da Reportagem Local

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