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Congressistas já falam em flexibilizar decisão do STF
Deputado defende exceções para poder empregar parentes; Chinaglia diz ser contra
Presidente do Senado foi atingido pela decisão por ter um sobrinho trabalhando em seu gabinete, com o maior salário: R$ 8.154,16
Sérgio Lima/Folha Imagem
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O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB), que emprega um sobrinho em seu gabinete
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Congressistas que empregam parentes criticaram ontem a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de acabar com o nepotismo e já falam
em tentar flexibilizar a regra no
Legislativo -mas prometeram
exonerar seus parentes.
Até o presidente do Senado,
Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), foi atingido pela decisão.
Ele emprega um sobrinho em
seu gabinete. Trata-se de Carlos Eduardo Alves, que é assessor técnico lotado no Senado
desde 2003 e tem o maior salário do gabinete: R$ 8.154,16.
"Eu vou ter de dispensar um
parente meu que trabalha no
gabinete e não sei da repercussão em outros gabinetes de senadores. Na verdade não esperava que a decisão a ser adotada
tivesse a amplitude que teve.
Agora é cumprir. Decisão do
Judiciário deve ser cumprida."
Inicialmente o sobrinho foi
nomeado no gabinete de José
Maranhão (PMDB-PB). Em
troca, Garibaldi nomeou uma
sobrinha de Maranhão. O presidente do Senado admitiu o
nepotismo: "Da outra vez eu fiz
o chamado nepotismo cruzado,
mas em 2007 ele [seu sobrinho] veio para o meu gabinete".
Ontem a Folha identificou
22 deputados que mantêm parentes nos gabinetes ou nos escritórios. No Senado, são pelo
menos nove parlamentares, inclusive o presidente do Conselho de Ética da Casa, Leomar
Quintanilha (PMDB-TO), que
emprega o filho no gabinete:
"Se houver essa decisão, não
vou ficar à margem da lei".
Alguns querem flexibilizar a
regra votando uma das propostas de emenda constitucional
já em tramitação: "Eu entendo
que haja um excesso, que existem deputados e senadores que
contratam em excesso, mas
acho que contratar um ou dois,
contratar com moderação, não
tem problema. Uma decisão na
Câmara poderia abrir algumas
exceções", disse o deputado
Carlos Willian (PTC-MG), que
emprega a mulher.
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse
que concorda com a decisão do
STF e descartou qualquer tipo
de flexibilização. "Se tiver alguém imaginando isso [flexibilizar], além de ser um erro político dramático, não fala em nome da Câmara. Eu não vou colocar em votação no plenário
enquanto for presidente da Câmara. Precisamos combater e
acabar com o nepotismo."
Já outros deputados dizem
que vão manter seus parentes,
mas sem pagar os salários com
dinheiro público. O deputado
Odílio Balbbinotti (PMDB-PR)
disse que seu cunhado Luiz
Paiola continuará realizando
seus serviços. "Tenho condições de pagar do meu bolso."
Neucimar Fraga (PR-ES)
disse que empregava a irmã enquanto havia brecha legal. "Só
posso dizer que ela fará falta
para mim e o salário fará falta
para ela." Alguns deputados começaram ontem a exonerar
seus parentes, como Sandro
Mattos (PTB-RJ), que empregava um irmão.
(MARIA CLARA CABRAL, FÁBIO ZANINI E ANDREZA MATAIS)
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