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Chefe em SP
está sendo
investigado
da Sucursal do Rio
e da Reportagem Local
O superintendente da Receita em São Paulo, Flávio Del Comuni, está sendo investigado
pela Polícia Federal, que apura
denúncias sobre sua participação em suposto esquema de
cobrança de propinas e favorecimento a alguma empresas.
O inquérito, que corre sob
segredo de Justiça, foi baseado
em denúncias anônimas. Del
Comuni é acusado de dificultar a importação de tecidos e
roupas para favorecer a indústria têxtil nacional.
A PF também investiga a
atuação de uma empresa da
qual foi sócio, a Alferath. Segundo as denúncias, a Alferath
teria patrocinado negócios na
área de importação, o que seria
um crime em razão do cargo
de Del Comuni. "Essa empresa
não existe há muito tempo e foi
aberta para dar cursos preparatórios para concursos públicos", diz o superintendente.
Aos 41 anos, 18 na Receita,
Del Comuni vem sendo acusado, sempre anonimamente,
por empresários que atuam na
importação e fiscais da Receita.
Desde que assumiu a superintendência, em fevereiro de 97,
já demitiu 42 funcionários.
Folha - O sr. pediu ou vai
pedir demissão, conforme
afirmam boatos?
Flávio Del Comuni - De maneira nenhuma. Nem pensei
nisso.
Folha - O sr. já tinha sido investigado antes?
Del Comuni - Não, isso chateia, a família fica perturbada,
mas eu vou continuar fazendo
o meu trabalho. Em 98, conseguimos arrecadar cerca de R$ 7
bilhões a mais, numa economia que não se desenvolveu. Isso significa que crescemos em
cima da sonegação. Por isso há
tanta gente incomodada.
Folha - Quem?
Del Comuni - Não dá para saber com certeza, as denúncias
são todas anônimas. Eu acredito que são os contrabandistas,
que usavam o porto de Santos e
os aeroportos para trazer mercadoria de forma ilegal. Eles
perderam esse privilégio. Nós
estamos apanhando porque
mexemos com eles.
Folha - Há uma denúncia de
que o sr. usou sua empresa, a
Alferath, para fazer negócios
particulares.
Del Comuni - Não é verdade.
Essa empresa foi aberta em 91,
nunca funcionou e foi fechada
em 95. Na época eu dava aulas
em cursinhos preparatórios
para concursos públicos e chamei dois amigos para montar
um curso comigo. Eu iria escrever apostilas e dar as aulas.
Eles trariam alunos. Era para
ganhar um pouco de dinheiro.
Mas eles eram pouco disciplinados e não deu certo. Nunca
demos uma aula. E muito menos fizemos negócios na área
de comércio exterior.
Folha - Há gente dizendo
que o sr. está atrapalhando
os importadores para favorecer a indústria nacional. Principalmente na área têxtil.
Del Comuni - Tem gente dizendo qualquer coisa. Ninguém aparece, é fácil. Sob a fachada de um movimento que
está tentando moralizar a Receita, o que existe de verdade é
um movimento para desmoralizar a mim e a minha equipe.
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