São Paulo, Domingo, 22 de Agosto de 1999
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Chefe em SP está sendo investigado


da Sucursal do Rio
e da Reportagem Local

O superintendente da Receita em São Paulo, Flávio Del Comuni, está sendo investigado pela Polícia Federal, que apura denúncias sobre sua participação em suposto esquema de cobrança de propinas e favorecimento a alguma empresas.
O inquérito, que corre sob segredo de Justiça, foi baseado em denúncias anônimas. Del Comuni é acusado de dificultar a importação de tecidos e roupas para favorecer a indústria têxtil nacional.
A PF também investiga a atuação de uma empresa da qual foi sócio, a Alferath. Segundo as denúncias, a Alferath teria patrocinado negócios na área de importação, o que seria um crime em razão do cargo de Del Comuni. "Essa empresa não existe há muito tempo e foi aberta para dar cursos preparatórios para concursos públicos", diz o superintendente.
Aos 41 anos, 18 na Receita, Del Comuni vem sendo acusado, sempre anonimamente, por empresários que atuam na importação e fiscais da Receita. Desde que assumiu a superintendência, em fevereiro de 97, já demitiu 42 funcionários.

Folha - O sr. pediu ou vai pedir demissão, conforme afirmam boatos?
Flávio Del Comuni -
De maneira nenhuma. Nem pensei nisso.

Folha - O sr. já tinha sido investigado antes?
Del Comuni -
Não, isso chateia, a família fica perturbada, mas eu vou continuar fazendo o meu trabalho. Em 98, conseguimos arrecadar cerca de R$ 7 bilhões a mais, numa economia que não se desenvolveu. Isso significa que crescemos em cima da sonegação. Por isso há tanta gente incomodada.

Folha - Quem?
Del Comuni -
Não dá para saber com certeza, as denúncias são todas anônimas. Eu acredito que são os contrabandistas, que usavam o porto de Santos e os aeroportos para trazer mercadoria de forma ilegal. Eles perderam esse privilégio. Nós estamos apanhando porque mexemos com eles.

Folha - Há uma denúncia de que o sr. usou sua empresa, a Alferath, para fazer negócios particulares.
Del Comuni -
Não é verdade. Essa empresa foi aberta em 91, nunca funcionou e foi fechada em 95. Na época eu dava aulas em cursinhos preparatórios para concursos públicos e chamei dois amigos para montar um curso comigo. Eu iria escrever apostilas e dar as aulas. Eles trariam alunos. Era para ganhar um pouco de dinheiro. Mas eles eram pouco disciplinados e não deu certo. Nunca demos uma aula. E muito menos fizemos negócios na área de comércio exterior.

Folha - Há gente dizendo que o sr. está atrapalhando os importadores para favorecer a indústria nacional. Principalmente na área têxtil.
Del Comuni -
Tem gente dizendo qualquer coisa. Ninguém aparece, é fácil. Sob a fachada de um movimento que está tentando moralizar a Receita, o que existe de verdade é um movimento para desmoralizar a mim e a minha equipe.




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