São Paulo, sábado, 22 de setembro de 2001

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CÂMARA

Presidente da CPI das Obras Inacabadas é acusado de tentar extorquir empresas para excluí-las de investigação

Oposição pede inquérito contra deputado

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Partidos de oposição querem investigar as acusações de extorsão feitas por empreiteiras contra o presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) criada para investigar obras inacabadas, Damião Feliciano (PMDB-PB).
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), formalizou ontem na presidência da Casa pedido de abertura de inquérito para apurar as responsabilidades do deputado. O líder do PT, Walter Pinheiro (BA), quer que a CPI convoque todos os empreiteiros que já foram ouvidos pela comissão para investigar as acusações.
Os líderes partidários, por unanimidade, negaram anteontem a prorrogação do prazo da CPI, que termina no dia 9 de outubro, pondo fim ao trabalho da comissão. A decisão foi amparada na suspeita de que houvesse uso da CPI para extorquir empreiteiras.
Deputados e líderes partidários relataram, com a condição de não terem seus nomes publicados, que haviam sido procurados por empresários contando que Damião estaria pedindo dinheiro, negociando a saída de empresas da investigação. Damião nega a acusação. "Desafio qualquer empreiteiro a dizer que tenha sido abordado por mim para solicitar dinheiro." Ele disse que vai apresentar requerimento na CPI na próxima terça pedindo a quebra de seu sigilo bancário.

Defesa da conclusão
O líder do PPS defendeu a conclusão dos trabalhos da comissão, levantando suspeitas sobre o interesse que possa haver por trás do fim da CPI. "Algumas obras investigadas são de responsabilidade de administrações ligadas ao PSDB, PFL e PMDB. O deputado acusado deve ser afastado da comissão, mas é importante que o Legislativo não abra mão de investigar o Executivo", disse.
Entre as obras estão o Rodoanel (SP), o Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães (BA) e obras nas docas de Santos (SP).
Pinheiro também defendeu mais investigação. "A questão tem de ser apurada em qualquer dos casos. Se existiu a tentativa de extorsão, não dá para jogar a poeira debaixo do tapete. Se não houve, é necessário descobrir o que está por trás disso", disse.
O fim da CPI foi acertado entre o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), e líderes partidários. Aécio perguntou aos líderes que relataram as acusações se algum empreiteiro estava disposto a formalizar uma denúncia. Os líderes afirmaram, mais tarde, que nenhum deles se dispunha a isso. "Se houver uma denúncia, mesmo depois, mandarei abrir inquérito", disse Aécio.



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