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CÂMARA
Presidente da CPI das Obras Inacabadas é acusado de tentar extorquir empresas para excluí-las de investigação
Oposição pede inquérito contra deputado
DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Partidos de oposição querem
investigar as acusações de extorsão feitas por empreiteiras contra
o presidente da CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) criada
para investigar obras inacabadas,
Damião Feliciano (PMDB-PB).
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), formalizou ontem na presidência da Casa pedido de abertura de inquérito para
apurar as responsabilidades do
deputado. O líder do PT, Walter
Pinheiro (BA), quer que a CPI
convoque todos os empreiteiros
que já foram ouvidos pela comissão para investigar as acusações.
Os líderes partidários, por unanimidade, negaram anteontem a
prorrogação do prazo da CPI, que
termina no dia 9 de outubro, pondo fim ao trabalho da comissão. A
decisão foi amparada na suspeita
de que houvesse uso da CPI para
extorquir empreiteiras.
Deputados e líderes partidários
relataram, com a condição de não
terem seus nomes publicados,
que haviam sido procurados por
empresários contando que Damião estaria pedindo dinheiro,
negociando a saída de empresas
da investigação. Damião nega a
acusação. "Desafio qualquer empreiteiro a dizer que tenha sido
abordado por mim para solicitar
dinheiro." Ele disse que vai apresentar requerimento na CPI na
próxima terça pedindo a quebra
de seu sigilo bancário.
Defesa da conclusão
O líder do PPS defendeu a conclusão dos trabalhos da comissão,
levantando suspeitas sobre o interesse que possa haver por trás do
fim da CPI. "Algumas obras investigadas são de responsabilidade de administrações ligadas ao
PSDB, PFL e PMDB. O deputado
acusado deve ser afastado da comissão, mas é importante que o
Legislativo não abra mão de investigar o Executivo", disse.
Entre as obras estão o Rodoanel
(SP), o Aeroporto Internacional
Luís Eduardo Magalhães (BA) e
obras nas docas de Santos (SP).
Pinheiro também defendeu
mais investigação. "A questão
tem de ser apurada em qualquer
dos casos. Se existiu a tentativa de
extorsão, não dá para jogar a
poeira debaixo do tapete. Se não
houve, é necessário descobrir o
que está por trás disso", disse.
O fim da CPI foi acertado entre
o presidente da Câmara, Aécio
Neves (PSDB-MG), e líderes partidários. Aécio perguntou aos líderes que relataram as acusações
se algum empreiteiro estava disposto a formalizar uma denúncia.
Os líderes afirmaram, mais tarde,
que nenhum deles se dispunha a
isso. "Se houver uma denúncia,
mesmo depois, mandarei abrir
inquérito", disse Aécio.
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