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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO" /ALÉM DO "MENSALINHO"
Governo avalia que petista não terá chance na sucessão de Severino Cavalcanti e pressiona por acordo com candidato do PMDB
PT lança Chinaglia; Planalto apóia Temer
KENNEDY ALENCAR
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo desencadeou ontem
articulações a favor da candidatura do peemedebista Michel Temer
(SP) a presidente da Câmara, apesar de o PT ter lançado no final da
noite o líder do governo na Casa,
Arlindo Chinaglia (SP), à sucessão de Severino Cavalcanti.
Logo após Severino ter renunciado ontem, partidos se reuniram e fizeram lançamentos em série de candidatos. O Palácio do
Planalto avalia que, passado esse
primeiro momento em que há
profusão de nomes, alguns saiam
de cena. Deverá haver reunião de
partidos aliados para que discutam uma candidatura da base, da
qual participará o PMDB.
A articulação do governo pró-Temer era apresentá-lo como nome de união da base de apoio no
Congresso. O sucesso dessa operação dependerá de o PT se convencer de que Arlindo terá dificuldade para se eleger.
Em fevereiro, Lula interveio para tentar impedir o PT de ter dois
candidatos e fracassou. Ontem
mesmo começaram conversas
para tentar levar o PT e o PMDB a
fechar um acordo. O governo tem
pressa, pois o novo presidente será escolhido até a quinta-feira da
próxima semana. Políticos de todos os partidos dizem que será difícil eleger um petista em meio à
crise do mensalão, pois a base do
governo está mais frágil do que
em fevereiro, quando Severino
derrotou dois petistas.
Traumatizado com a divisão na
bancada da última vez que escolheu candidato, o PT ontem aclamou Chinaglia por unanimidade.
Abriram mão da indicação Paulo
Delgado (MG), Sigmaringa Seixas
(DF) e José Eduardo Cardozo
(SP), por avaliar que a candidatura de um petista é aventura.
Chinaglia afirmou que a ligação
estreita com o Planalto não será
problema: "Todos os deputados
têm suas posições políticas. Se for
para encontrar um que não tenha,
é bom que não se encontre".
Em tese, o PT admite a possibilidade de abrir mão da candidatura
a favor de outro nome da base governista. "Se houver um candidato que possa aglutinar com mais
eficiência os partidos que compõem a base aliada, nós vamos
patrocinar essa candidatura. As
conversas com outros partidos
começam imediatamente", declarou Chinaglia.
Impeachment
O governo está preocupado
com o crescimento da candidatura do atual vice-presidente da Casa, o pefelista José Thomaz Nonô
(AL). O PSDB sinalizou que
apoiará Nonô, atuando como bloco. Mais: Temer ameaçou não
concorrer caso haja clima de disputa muito forte.
O ministro Wagner conversou
com petistas e peemedebistas ontem à tarde, entre os quais Geddel
Vieira Lima (PMDB-BA). Articulador da candidatura Temer, Geddel afirmou que "o governo está
ciente de que um nome do PT terá
muita dificuldade para ser eleito
no plenário da Câmara".
O Planalto avalia que Temer seria menos arriscado que Nonô na
condução da Casa, em especial
porque o líder do PFL, Rodrigo
Maia (RJ), defende publicamente
que já há motivo para abertura de
processo de impeachment contra
Lula -algo que depende do presidente da Câmara. Nonô tem dito, porém, que será neutro.
A fim de demonstrar unidade
em torno de Temer, membros das
alas governista e oposicionista do
PMDB almoçaram ontem. À noite, a bancada do PMDB, que ontem estava com 87 deputados e
que deve crescer mais, selou
apoio unânime a Temer.
Sucessão presidencial
Como há um ingrediente da sucessão presidencial de 2006 nas
articulações entre PFL e PSDB,
Lula considera que, se recuperar
cacife para se reeleger, terá de governar com o PMDB. A hora de
tentar aproximação com a ala
oposicionista dessa sigla, à qual
Temer pertence, seria a atual.
Em jantar anteontem em Brasília com a presença dos governadores tucanos Aécio Neves (MG)
e Geraldo Alckmin (SP) e as bancadas do PSDB e do PFL, ficou
claro nas conversas que Nonô era
o preferido. Setores do PSDB e do
PFL avaliaram que o governo está
tão fraco que seria possível até eleger um nome claramente oposicionista. "Nossa tendência é reforçar a aliança com o PFL", disse
o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP).
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