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Baixo clero severinista propõe nome de Dornelles para assumir a Câmara
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ainda faltavam algumas horas
para ser confirmada a renúncia
do presidente da Câmara dos Deputados, mas o baixo clero severinista já iniciava a movimentação
para manter o cargo em seu poder. O nome escolhido pelo PP
para herdar o espólio de Severino
Cavalcanti foi o deputado federal
e ex-ministro do Trabalho Francisco Dornelles (RJ).
Ele foi aclamado em reunião
com 45 dos 52 deputados pepistas
candidato a presidente da Câmara. O próprio Severino avalizou a
escolha e comunicou a Dornelles
que não haveria constrangimento
algum em começar a articulação
antes mesmo da renúncia.
O sonho do PP é fazer de Dornelles o candidato adotado pelo governo, que não tem um nome natural. "Ele tem excelente trânsito
no PSDB e no PFL, porque foi ministro do ex-presidente Fernando
Henrique. Vem de um partido da
base do governo e é respeitado como economista", disse o presidente do PP, deputado federal Pedro Corrêa (PE).
Os líderes dos partidos que
compõem -ao menos teoricamente- a base governista fizeram ontem uma reunião na casa
do representante do PL, Sandro
Mabel (GO). Eles decidiram que
cada legenda tem o direito de colocar seu nome para a disputa,
com o objetivo de tentar uma solução de consenso até o início da
semana que vem.
A escolha do sucessor de Severino Cavalcanti deve ocorrer na
próxima quarta-feira.
"Precisamos de entendimento e
conciliação. Meu nome está sendo colocado com base nesse sentimento", afirmou Dornelles.
O problema para a base do governo é ter muitos pré-candidatos
e nenhum nome que desponte como consensual. Só o PT tem cinco: Arlindo Chinaglia (SP), José
Eduardo Cardozo (SP), Sigmaringa Seixas (DF), Paulo Delgado
(MG) e Virgilio Guimarães (MG).
Nenhum deles pode aglutinar
tantos apoios quando Dornelles,
na visão otimista do PP. Ele teria
trânsito comprovado no baixo
clero, que, órfão de Severino, pode fazer a diferença na votação. E
na oposição poderia tirar votos de
José Thomaz Nonô (PFL-AL).
Dornelles tem dois problemas,
no entanto. O primeiro é o fato de
ser do PP, partido mergulhado no
escândalo do "mensalão". O segundo é o "fogo amigo" dentro de
sua própria legenda: o deputado
Ciro Nogueira (PI), segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, também tenta viabilizar a
candidatura, embora tenha apoio
reduzido no PP.
(FÁBIO ZANINI)
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