São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2005

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Baixo clero severinista propõe nome de Dornelles para assumir a Câmara

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ainda faltavam algumas horas para ser confirmada a renúncia do presidente da Câmara dos Deputados, mas o baixo clero severinista já iniciava a movimentação para manter o cargo em seu poder. O nome escolhido pelo PP para herdar o espólio de Severino Cavalcanti foi o deputado federal e ex-ministro do Trabalho Francisco Dornelles (RJ).
Ele foi aclamado em reunião com 45 dos 52 deputados pepistas candidato a presidente da Câmara. O próprio Severino avalizou a escolha e comunicou a Dornelles que não haveria constrangimento algum em começar a articulação antes mesmo da renúncia.
O sonho do PP é fazer de Dornelles o candidato adotado pelo governo, que não tem um nome natural. "Ele tem excelente trânsito no PSDB e no PFL, porque foi ministro do ex-presidente Fernando Henrique. Vem de um partido da base do governo e é respeitado como economista", disse o presidente do PP, deputado federal Pedro Corrêa (PE).
Os líderes dos partidos que compõem -ao menos teoricamente- a base governista fizeram ontem uma reunião na casa do representante do PL, Sandro Mabel (GO). Eles decidiram que cada legenda tem o direito de colocar seu nome para a disputa, com o objetivo de tentar uma solução de consenso até o início da semana que vem.
A escolha do sucessor de Severino Cavalcanti deve ocorrer na próxima quarta-feira.
"Precisamos de entendimento e conciliação. Meu nome está sendo colocado com base nesse sentimento", afirmou Dornelles.
O problema para a base do governo é ter muitos pré-candidatos e nenhum nome que desponte como consensual. Só o PT tem cinco: Arlindo Chinaglia (SP), José Eduardo Cardozo (SP), Sigmaringa Seixas (DF), Paulo Delgado (MG) e Virgilio Guimarães (MG).
Nenhum deles pode aglutinar tantos apoios quando Dornelles, na visão otimista do PP. Ele teria trânsito comprovado no baixo clero, que, órfão de Severino, pode fazer a diferença na votação. E na oposição poderia tirar votos de José Thomaz Nonô (PFL-AL).
Dornelles tem dois problemas, no entanto. O primeiro é o fato de ser do PP, partido mergulhado no escândalo do "mensalão". O segundo é o "fogo amigo" dentro de sua própria legenda: o deputado Ciro Nogueira (PI), segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, também tenta viabilizar a candidatura, embora tenha apoio reduzido no PP.
(FÁBIO ZANINI)

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