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Messer movimentou US$ 1 bi, diz PF
PEDRO SOARES
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Apontado pelo doleiro Antonio
Oliveira Claramunt, o Toninho da
Barcelona, como operador de remessas ilegais para o PT, o doleiro
Dario Messer enviou irregularmente, ao menos, US$ 1 bilhão
para o exterior de 1998 a 2003, segundo investigações da Polícia
Federal (PF) e do Ministério Público Federal.
Em depoimento às CPIs dos
Bingos, dos Correios e do Mensalão, anteontem, Barcelona afirmou, sem apresentar provas, que
Messer enviava dólares ilegalmente para o exterior a pedido da
corretora Bônus-Banval, em nome de dirigentes do PT. Os petistas receberiam o dinheiro no Brasil convertido em reais.
De acordo com Toninho da
Barcelona, que foi condenado a 25
anos de prisão por lavagem de dinheiro, Messer enviava os dólares, do Panamá, e sua empresa, a
Barcelona Tour, trocava em reais
e entregava os valores convertidos
à corretora que repassava recursos para nomes do PT e do PP, indicados pelo publicitário Marcos
Valério Fernandes de Souza.
A PF chegou às remessas supostamente irregulares de Messer a
partir das investigações do caso
Banestado -esquema suspeito
de envio ilegal de dinheiro ao exterior por meio de contas CC-5
(contas legais, utilizadas para enviar e receber recursos do exterior). O esquema começou a ser
investigado em 1998.
A PF e o Ministério Público Federal tiveram acesso a toda a movimentação bancária de Messer
no Brasil e no exterior, mas ainda
não mapearam a origem do dinheiro supostamente remetido de
modo irregular. Esperam laudos
que detalharão quem eram os depositários e sacadores mais freqüentes das contas.
Sem os laudos, a Polícia Federal
e o Ministério Público não têm
como identificar se há relação entre as remessas supostamente ilegais de Messer com integrantes
do PT e outros partidos políticos.
De acordo com as investigações,
existem indícios de crimes como
lavagem dinheiro e evasão de divisas nas movimentações bancárias de Messer, já que as saídas de
recursos do país não foram registradas nem pelo BC (Banco Central) nem pela Receita Federal.
Messer seria, juntamente com
outros integrantes do grupo em
que atua, o maior doleiro do país,
de acordo com a PF. Seu pai, o polonês Mordko Messer, 85, é tido
por policiais e procuradores como o doleiro mais velho do país.
Em 2004, relatório da CPI do
Banestado sugeriu o indiciamento de Messer como um dos principais responsáveis pela movimentação irregular de dinheiro para
fora do país.
A CPI também investigou o vínculo entre o doleiro e o senador
Ney Suassuna (PMDB-PB). Documentos da Junta Comercial
mostram que em 1998 Suassuna
foi sócio de Bruno Messer, sobrinho do doleiro, na firma Rivertec
Informática, no Estado do Rio.
Líder do PMDB no Senado,
Suassuna sustenta que nunca se
associou a Messer. Por meio de
sua assessoria, informou que ele e
o sobrinho do doleiro adquiriram
cotas da empresa em períodos diferentes, sem que isso caracterize
uma sociedade formal.
A Folha tentou ouvi-lo por
meio de telefone. Até a conclusão
desta edição o senador não havia
falado sobre o assunto, embora a
assessoria tenha informado que
ele daria a entrevista.
Assinado pelo deputado José
Mentor (PT-SP), o relatório não
foi votado pela CPI por falta de
acordo entre os integrantes da comissão. Os resultados das investigações da CPI foram remetidos ao
Ministério Público Federal.
Messer, desde então, está desaparecido. Há suspeitas de que estaria vivendo no Uruguai, de
acordo com informações obtidas
pela Polícia Federal.
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