São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2005

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Messer movimentou US$ 1 bi, diz PF

PEDRO SOARES
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Apontado pelo doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, como operador de remessas ilegais para o PT, o doleiro Dario Messer enviou irregularmente, ao menos, US$ 1 bilhão para o exterior de 1998 a 2003, segundo investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal.
Em depoimento às CPIs dos Bingos, dos Correios e do Mensalão, anteontem, Barcelona afirmou, sem apresentar provas, que Messer enviava dólares ilegalmente para o exterior a pedido da corretora Bônus-Banval, em nome de dirigentes do PT. Os petistas receberiam o dinheiro no Brasil convertido em reais.
De acordo com Toninho da Barcelona, que foi condenado a 25 anos de prisão por lavagem de dinheiro, Messer enviava os dólares, do Panamá, e sua empresa, a Barcelona Tour, trocava em reais e entregava os valores convertidos à corretora que repassava recursos para nomes do PT e do PP, indicados pelo publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.
A PF chegou às remessas supostamente irregulares de Messer a partir das investigações do caso Banestado -esquema suspeito de envio ilegal de dinheiro ao exterior por meio de contas CC-5 (contas legais, utilizadas para enviar e receber recursos do exterior). O esquema começou a ser investigado em 1998.
A PF e o Ministério Público Federal tiveram acesso a toda a movimentação bancária de Messer no Brasil e no exterior, mas ainda não mapearam a origem do dinheiro supostamente remetido de modo irregular. Esperam laudos que detalharão quem eram os depositários e sacadores mais freqüentes das contas.
Sem os laudos, a Polícia Federal e o Ministério Público não têm como identificar se há relação entre as remessas supostamente ilegais de Messer com integrantes do PT e outros partidos políticos.
De acordo com as investigações, existem indícios de crimes como lavagem dinheiro e evasão de divisas nas movimentações bancárias de Messer, já que as saídas de recursos do país não foram registradas nem pelo BC (Banco Central) nem pela Receita Federal.
Messer seria, juntamente com outros integrantes do grupo em que atua, o maior doleiro do país, de acordo com a PF. Seu pai, o polonês Mordko Messer, 85, é tido por policiais e procuradores como o doleiro mais velho do país.
Em 2004, relatório da CPI do Banestado sugeriu o indiciamento de Messer como um dos principais responsáveis pela movimentação irregular de dinheiro para fora do país.
A CPI também investigou o vínculo entre o doleiro e o senador Ney Suassuna (PMDB-PB). Documentos da Junta Comercial mostram que em 1998 Suassuna foi sócio de Bruno Messer, sobrinho do doleiro, na firma Rivertec Informática, no Estado do Rio.
Líder do PMDB no Senado, Suassuna sustenta que nunca se associou a Messer. Por meio de sua assessoria, informou que ele e o sobrinho do doleiro adquiriram cotas da empresa em períodos diferentes, sem que isso caracterize uma sociedade formal.
A Folha tentou ouvi-lo por meio de telefone. Até a conclusão desta edição o senador não havia falado sobre o assunto, embora a assessoria tenha informado que ele daria a entrevista.
Assinado pelo deputado José Mentor (PT-SP), o relatório não foi votado pela CPI por falta de acordo entre os integrantes da comissão. Os resultados das investigações da CPI foram remetidos ao Ministério Público Federal.
Messer, desde então, está desaparecido. Há suspeitas de que estaria vivendo no Uruguai, de acordo com informações obtidas pela Polícia Federal.


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