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GRAMPO DO BNDES
Relatório final do inquérito dirá que escuta foi institucional
General Cardoso não será apontado como autor
RONALDO SOARES
enviado especial a Campinas (SP)
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
O general Alberto Cardoso, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência
da República, será isentado pela
PF (Polícia Federal) de responsabilidade na autoria dos grampos
no prédio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O relatório final do inquérito,
segundo a Folha apurou, dirá que
o grampo foi institucional, ou seja, feito pelo próprio governo,
mas sem o conhecimento do general Cardoso.
Já o MPF (Ministério Público
Federal) não está convencido da
inocência de Cardoso. Após receber o relatório da PF, os procuradores designados para o caso estudarão a possibilidade de pedir
ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, a abertura
de processo contra o general.
Por ter status de ministro, Cardoso só pode ser denunciado pelo
procurador-geral da República.
De acordo com as investigações
da PF, a ordem para o grampo
partiu do comando da SSI (Subsecretaria de Inteligência) no Rio. A
SSI é órgão vinculado ao Gabinete
de Segurança Institucional (ex-Casa Militar).
Os grampos telefônicos na sede
do BNDES (no centro do Rio) foram feitos no ano passado, à época da venda pelo governo das estatais de telecomunicações.
A SSI era dirigida até o mês passado pelo coordenador João Guilherme dos Santos Almeida, que
já foi indiciado no inquérito, acusado de prestar falso testemunho
em depoimento à PF. Ele também
deverá ser denunciado pela acusação de autoria dos grampos. Almeida nega ter mentido em depoimento e participado da escuta.
Outros indiciados
Os procuradores não limitarão
as denúncias à relação de indiciados pelo delegado Rubens Grandini, presidente do inquérito.
Além de Almeida, o delegado já
indiciou Temílson Antônio Barreto de Resende, o Telmo, e Adilson Alcântara de Matos, acusados
pela autoria dos grampos. Ambos
negaram a acusação.
Também está indiciado, acusado de falso testemunho, Gercy
Firmino, coordenador de Operações da SSI, em Brasília.
A Folha apurou que dificilmente a PF fará mais algum indiciamento. As suspeitas iniciais contra o general -teria sido o mandante do grampo, para monitorar
a lisura da privatização das teles- não se confirmaram.
Os procuradores da República
pretendem incluir pelo menos
mais duas pessoas na relação de
denunciados: os técnicos em telefonia Walter de Souza Braga e
Francisco Carlos da Silva.
Pela apuração da PF, o grampo
foi determinado pelo comando
da SSI no Rio como medida oficial de um órgão governamental
envolvido em investigações reservadas. O escolhido para o serviço
teria sido Telmo, analista de informações da SSI no Rio. Ainda
de acordo com as investigações,
Telmo teria contratado os autônomos Matos, Braga e Silva para
instalarem a escuta.
Ao verificarem a importância
das conversas flagradas pelo
grampo, os envolvidos venderam
as fitas para empresários interessados na compra das teles.
A divulgação de parte das conversas resultou na saída do governo, entre outros dirigentes, do então ministro das Telecomunicações, Luiz Carlos Mendonça de
Barros, e do então presidente do
BNDES, André Lara Rezende.
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