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Ligações de assessor revelam que Lula sabia, diz oposição
Sub-relator da CPI dos Sanguessugas pede convocação do chefe-de-gabinete de Lula
"O que está aí é suficiente para caracterizar que os homens do presidente estão envolvidos", afirma senador Sérgio Guerra (PSDB-PE)
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na reta final do segundo turno, a oposição usará os telefonemas de Gilberto Carvalho,
chefe-de-gabinete no Palácio
do Planalto, para o petista Jorge Lorenzetti, personagem
central da crise do dossiê, para
tentar mostrar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia do dossiê contra tucanos.
O primeiro passo foi dado
ontem, quando o sub-relator da
CPI dos Sanguessugas, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP),
apresentou requerimento pedindo a convocação de Carvalho, do ex-ministro José Dirceu
e do assessor especial da Presidência Rogério Aurélio Pimentel. A uma semana das eleições,
Lula mantém vantagem de 19
pontos sobre o tucano Geraldo
Alckmin, segundo o Datafolha.
Porém, para a oposição, o fato
de Carvalho ter ligado para Lorenzetti pelo menos duas vezes
no dia 15 de setembro pode ajudar a reverter esse quadro.
Foi nesse dia que a Polícia
Federal prendeu emissários
petistas com R$ 1,75 milhão
num hotel em São Paulo, dinheiro que seria usado no caso
do dossiê. Neste dia, o nome de
Lorenzetti ainda não havia aparecido nas investigações.
Anteontem, o delegado Diógenes Curado entregou relatório parcial sobre as investigações, apontando Lorenzetti como mentor do dossiê. Pelas
apurações, Lorenzetti também
conversou com Dirceu. Já Aurélio Pimentel foi incluído no
pedido de convocação porque
se reuniu com o ex-assessor
Freud Godoy, exonerado após a
divulgação do caso.
O deputado Carlos Sampaio
considerou o relatório "pífio" e
decidiu convidar o delegado para tratar do assunto. "Não há
mais dúvidas de que o Palácio
do Planalto sabia dessa operação criminosa", disse Sampaio.
Segundo ele, Carvalho deveria ter revelado de imediato a
ocorrência da ligação: "Por que
ele guardou esse segredo por
quase 40 dias e só vem revelar
isso agora, no momento em que
chega a quebra do sigilo telefônico do Lorenzetti e no momento em que a PF o aponta
[Lorenzetti] como o articulador de toda a operação?", disse.
O coordenador da campanha
tucana, senador Sérgio Guerra
(PSDB-PE), cobrou explicações: "O que está aí é suficiente
para caracterizar que os homens do presidente estão envolvidos nisso. Se o presidente
não sabe de nada como sempre
afirma, ele já não é o presidente. É só um demagogo". O presidente do PFL, senador Jorge
Bornhausen (SC), vê crime
eleitoral. "Depois de sua mulher, Gilberto Carvalho é a pessoa mais próxima do presidente, quase um irmão. Com essa
proximidade, não será possível
retirar do presidente da República a responsabilidade pelo
crime eleitoral cometido".
Já o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) fez um trocadilho:
"Acho que tínhamos no Brasil
um outro PCC e não sabíamos.
É o Palácio Comanda o Crime".
O senador também retomou
o caso da morte do prefeito Celso Daniel, de Santo André (SP),
para criticar Gilberto Carvalho.
"As justificativas que ele deu
[no caso Celso Daniel] são exatamente as mesmas de agora.
Um telefonema para se informar. Os argumentos se repetem." Carvalho era secretário
de Governo de Celso Daniel em
Santo André quando este foi
morto, em 2002. Escutas telefônicas da época mostram seu
empenho para que prevalecesse a tese de crime comum. Ele
foi acusado, pelos irmãos de
Daniel, de repassar propina de
empresários de ônibus ao PT, o
que ele negou em acareação.
Na mesma linha foi seu colega José Agripino (PFL-RN). "O
Gilberto Carvalho é figura marcada desde o caso Celso Daniel.
Os telefonemas e os antecedentes são a presença do gabinete
do presidente da República na
trama do dossiê", afirmou.
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