São Paulo, segunda-feira, 22 de outubro de 2007

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Cuba quer impedir encontro de deputados brasileiros com atletas

Visto será negado a parlamentares que pretendiam entrevistar boxeadores

JOSIAS DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A deportação dos boxeadores cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara criou um contencioso diplomático entre Cuba e o Congresso brasileiro. O embaixador cubano no Brasil, Pedro Núñes Mosquera, informou ao presidente da comissão de Relações Exteriores da Câmara, Vieira da Cunha (PDT-RS), que o governo de Fidel Castro não concederá visto de entrada no país a deputados que pretendiam entrevistar os lutadores em Havana. Rigondeaux e Lara desertaram da delegação cubana durante os jogos Pan-Americanos do Rio. Foram deportados em 4 de agosto e voaram num jatinho providenciado pelo governo de Hugo Chávez. A ida de deputados brasileiros a Havana foi aprovada, em 5 de setembro.
Súbito, começaram a chegar aos ouvidos de Cunha informações extra-oficiais de que a embaixada cubana em Brasília torcera o nariz para o requerimento. O pombo-correio da insatisfação foi o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP). Em visita ao embaixador Núñes Mosquera, Cunha teve a confirmação.
"O embaixador me disse que, se nós formalizarmos o pedido, ele vai negar os vistos aos deputados", contou Vieira da Cunha. "Segundo o embaixador, Cuba considera que esse assunto, além de estar encerrado, é uma questão interna do país dele.
Disse que Cuba terá prazer em receber deputados brasileiros para outra programação. Mas deixou claro que, com esse objetivo, os vistos serão negados."
A conversa com o embaixador, em 2 de outubro, foi testemunhada por Rebelo. Cunha disse que vai procurar o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), autor do requerimento, nesta semana. "Vou relatar ao Jungmann o resultado da visita ao embaixador. Se ele insistir na viagem, vou encaminhar o assunto ao [Arlindo] Chinaglia, presidente da Câmara, para que ele decida, com a Mesa diretora da Casa, o que fazer."
"Foi uma via crucis e um constrangimento sem precedentes", definiu ontem Jungmann, que ainda não foi informado oficialmente por Cunha sobre a posição cubana.
Antes de visitar o embaixador cubano, Cunha recebera documento do Itamaraty -mostrado pela Folha no final de setembro- sobre a situação atual dos boxeadores, segundo o qual eles estão abandonados à própria sorte.


Colaborou a Sucursal de Brasília

JOSIAS DE SOUZA escreve o blog "Nos Bastidores do Poder" em www.folha.com.br/blogs/josiasdesouza

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