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ELEIÇÕES
Pedetista dá ultimato a petista sobre formação de chapa coligada para disputar a Presidência no ano que vem
Brizola ofusca Lula em 1º ato conjunto
da Agência Folha, em Florianópolis
No primeiro
teste público de
uma hipotética
aliança na disputa presidencial do ano que
vem, Leonel Brizola (PDT) ocupou espaço na performance de
candidato de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) para apresentar um ultimato ao petista.
O pedetista aproveitou para dizer que a aliança com o PT ou é
com Lula na cabeça da chapa ou
seu partido terá candidato próprio
em 1998.
Em Florianópolis (SC), a dupla
foi o centro da atenção em um seminário de partidos de esquerda
no plenário da Assembléia Legislativa do Estado, que estava lotado
de militantes.
Foi o primeiro ato político unindo os dois líderes desde o lançamento da proposta de uma frente
de esquerda para enfrentar a reeleição do presidente Fernando
Henrique Cardoso.
O líder pedetista, que aceita ser o
vice na chapa, fez o discurso mais
longo e aplaudido do seminário,
durante o qual deu um ultimato a
Lula para que, afinal, se defina por
uma candidatura.
"A aliança entre os partidos de
esquerda só vai se concretizar se a
candidatura de Lula for colocada.
Caso contrário, voltaremos à estaca zero", afirmou Brizola.
A dupla entrou no plenário da
Assembléia sob os gritos de "a hora é agora, Lula e Brizola".
Apesar disso, Brizola ameaçou
lançar uma candidatura própria à
Presidência caso o acordo com os
petistas fracasse.
Ele também voltou a defender o
apoio dos petistas do Rio a uma
candidatura do PDT ao governo
do Estado, mas negou que isso seja
um "entrave" à frente nacional.
Brizola descartou ainda uma
possível composição com outros
nomes de esquerda.
"Quem quiser nos apoiar será
bem-vindo. Mas o PT e o PDT são
os maiores partidos da esquerda e
devem ter prioridade para indicar
os cabeças da chapa", disse.
Ele disse que o ministro do Supremo Tribunal Federal Sepúlveda
Pertence, que poderia ser candidato a presidente pelo PSB, é "uma
pessoa de valor, mas fica artificial
votar em um juiz para presidente".
A candidatura do ex-prefeito de
Porto Alegre Tarso Genro, alternativa do PT caso Lula não aceite
concorrer, também foi rechaçada.
"O Tarso é uma das esperanças
do nosso país, mas ainda precisa
de 'cancha' (experiência) para se
lançar", declarou Brizola.
Indefinição
Durante todo o ato, a franqueza
de Brizola contrastou com a postura diplomática de Lula.
Cuidadoso, o líder petista agradeceu os elogios, mas ainda não
revelou se será candidato.
"A militância está dando uma
demonstração de simpatia. Mas
minha decisão só vai ser anunciada no encontro do partido (em 13
de dezembro)", disse.
Ao contrário de Brizola, que
abordou em seu discurso as composições políticas, Lula preferiu
criticar o modelo econômico do
governo federal.
Pregou a suspensão do processo
de privatização e chamou o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o
presidente do Banco Central, Gustavo Franco, de "cínicos".
"Malan e Franco são cínicos e
burocratas, porque preocupam-se
apenas com estatísticas e não se
importam com o agricultor sem
terra ou o desempregado que mora debaixo de um viaduto", disse.
Lula disse que acredita no apoio
de PSB e PC do B à frente. "Esses
são assuntos internos de outros
partidos, mas estou confiante."
PSB, PPS, PC do B e PV também
participaram do evento, mas sem
suas principais lideranças.
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