São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Abaixo do radar

Enquanto "El País" e "Miami Herald" saudavam ontem a aproximação entre China e América Latina, o "New York Times" de Larry Rohter apresentava outro quadro.
O espanhol "El País" dedicou longas reportagens ao tema, com títulos como "China conquista a América Latina" e avaliações como a de que o chinês "Hu Jintao arrasou em termos de atenção midiática" -em comparação ao presidente americano, também na região.
O americano "Miami Herald", que já havia dado reportagens de teor semelhante, chegou ao domingo dizendo que a América Latina precisa "aprender com o sucesso da China" e não só buscar contratos comerciais:
- Enquanto a China embarca no maior impulso de privatização da história, a região parece estar indo na direção oposta.
Cita, por exemplo, a recente criação de uma estatal de energia na Argentina e a falta de ação do Brasil, quanto às privatizações da Eletronorte e da Chesf.
E exemplifica, pelo lado chinês, com a recente abertura de duas empresas de telecomunicações, além da promessa de abrir a maior parte das 100 mil estatais até o final da década:
- A abertura econômica da China está atraindo quase tanto investimento estrangeiro quanto toda a América Latina.
 
Rohter, no "NYT" e traduzido ontem pelo UOL, vê as coisas sob outro prisma, quase de alerta aos Estados Unidos:
- Apesar de os EUA ainda considerarem a região como seu quintal, o seu domínio não é mais inquestionado. De repente, a presença da China pode ser sentida por toda parte.
Ouve Richard Feinsberg, ex-conselheiro para a América Latina no Conselho de Segurança Nacional dos EUA, que avalia:
- Os chineses estão discretamente, mas persistente e eficazmente, operando abaixo do radar americano. A América do Sul está à deriva, e os flertes diplomáticos com a China tenderão a realçar potenciais divergências com Washington.
O correspondente diz que é com o Brasil que as "relações parecem avançar mais rapidamente". E destaca que, "em busca de sua "parceria estratégica", Brasil e China desenvolveram um programa de satélite, estão discutindo venda de urânio para uso em reatores chineses e abriram uma fábrica chinesa da Embraer".
 
De sua parte, a China, em balanço da viagem de Hu Jintao no estatal "Diário do Povo", era só elogios ao "muito em comum" -citando o apoio mútuo à "busca de independência, soberania e interesses nacionais".

O INCIDENTE

Fox News/Reprodução
A cena, segundo o "New York Times", "foi mostrada repetidamente na TV do mundo todo". Era o presidente americano, George W. Bush, num "empurra-empurra embaraçoso". Ele conseguiu livrar das mãos da polícia chilena seu segurança.
Apesar de o porta-voz Scott McClellan ter brincado que "às vezes Bush é um cara que põe a mão" para fazer as coisas funcionarem, a repercussão azedou o encontro. Ontem, o presidente chileno suspendeu um jantar de gala, segundo a CNN, para não ceder às exigências da segurança americana.
E outro conflito se desenvolveu, como pano de fundo em Santiago. Segundo sites latino-americanos, o presidente da comissão do Mercosul, Eduardo Duhalde, e o representante comercial dos EUA, Robert Zoellick, trocaram acusações sobre responsabilidade pelo fracasso da Alca. Zoellick apontou resistência "de Brasil e outros" à propriedade intelectual, Duhalde atacou os "subsídios agrícolas".

O que é isso
Entre as manchetes do Jornal Nacional de sábado, sobre a morte de Celso Furtado, estava "Lula decreta luto". O perfil do economista no JN abria dizendo "o metalúrgico que se elegeu presidente do Brasil tinha uma forma afetuosa de se referir" a Furtado: "Meu companheiro".
Mas não, como destacaram a CBN e os sites, "Lula não foi nem ao velório nem ao enterro".

Fadiga paulista
Na Globo News, o programa Fatos & Versões, de bastidores de Brasília, dizia ontem que a reforma ministerial será "bem maior" e que "está dando fadiga no pessoal de São Paulo", que quer "voltar para casa".

PFL 2006
Enquanto os tucanos se bicam, para ver quem concorre com o enfraquecido Lula, o pefelista Cesar Maia não esconde mais.
Ontem, segundo a Jovem Pan e os sites, ele chamou uma coletiva para falar da "estrutura" da prefeitura do Rio, mas "transformou" a entrevista no "anúncio da intenção de deixar" o cargo e se candidatar em 2006.

Violência e custo
Após os ataques a turistas, que culminaram com a morte do espanhol que "reagiu a um assalto" no Rio, o Fantástico de ontem apresentou um "dossiê completo" sobre a violência, mostrando sobretudo "quanto custa para o seu bolso".


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