São Paulo, terça-feira, 22 de novembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI DOS CORREIOS

Governistas querem destacar participação de publicitário em campanhas tucanas, fato omitido no parecer do sub-relator Gustavo Fruet (PSDB-PR)

PT quer PSDB em relatório sobre Valério

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Petistas que integram a CPI dos Correios estão preparando um relatório paralelo sobre a movimentação financeira do empresário Marcos Valério de Souza, incluindo sua atuação em campanhas do PSDB. O objetivo é alterar o parecer apresentado pelo sub-relator de movimentação financeira, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), que deve ser votado na próxima quinta-feira.
Fruet pediu ao Ministério Público e à Polícia Federal o indiciamento de Valério e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares por crimes como lavagem de dinheiro e caixa dois em campanhas eleitorais, mas não mencionou esquema semelhante de financiamento de campanha montado pelo empresário para tucanos.
O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) já admitiu a utilização de caixa dois em sua campanha à reeleição ao governo de Minas, em 1998. Assim como ocorreu no PT, a origem dos recursos foram supostos empréstimos bancários tomados por Valério.
A única alteração que será feita por Fruet é o pedido de indiciamento do contador Marco Aurélio Prata. Ele declarou à PF que só assinava, sem elaborar, a contabilidade das empresas de Valério.
O ponto principal do relatório de Fruet é a sustentação de que os empréstimos tomados por Valério e repassados ao PT foram uma "farsa" montada para ocultar a verdadeira origem do dinheiro.
O parecer alternativo dos petistas deve ressaltar que o empresário também tomou um empréstimo para financiar a campanha de Azeredo. Outra semelhança é que também foi oferecido como garantia um contrato público.
"Há omissão sistemática no relatório em relação ao período anterior a 2003. A CPI tem documentação suficiente constatando irregularidades em campanhas do PSDB, mas não há uma referência no documento. É inaceitável que se faça um relatório tão parcial a ponto de comprometer sua veracidade", disse o deputado Carlos Abicalil (PT-MT).
Eles ainda negociarão a inclusão desses pontos no relatório de Fruet na forma de emendas, que também têm de ser votadas. Se não houver acordo, os petistas devem apresentar um substitutivo que, se aprovado, derruba todo o texto elaborado pelo tucano. O governo possui maioria na comissão -a diferença é de dois votos.
O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), concorda em incluir referências ao depoimento de Cláudio Mourão, ex-tesoureiro de Azeredo. O discurso dos tucanos é que, se for incluído o caso Azeredo, também terá de ser inserido o depoimento de Duda Mendonça, no qual o marqueteiro afirmou ter havido caixa dois nas campanhas petistas de 2002, exceto a presidencial.


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