São Paulo, terça-feira, 22 de novembro de 2005

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Testemunha do caso Toninho vai dizer nomes a CPI

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

O sushiman de codinome "Jack", que não quer se identificar por motivos de segurança, foi convidado a depor a uma subcomissão de parlamentares da CPI dos Bingos na próxima segunda-feira em São Paulo. Ele disse à Folha que aceitou o convite e que vai reafirmar ter presenciado três reuniões nas quais foi tramado o assassinato do prefeito de Campinas Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT.
A subcomissão vai ouvi-lo em caráter reservado, segundo o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). "Jack" disse que vai revelar os nomes de algumas das pessoas que participaram das reuniões.
Toninho foi assassinado no dia 10 de setembro de 2001. "Jack" afirma ter presenciado as reuniões no interior de um bingo de Campinas, na semana anterior ao crime. O depoimento dele pode dar novos rumos às investigações.
Suplicy, membro da CPI dos Bingos, localizou ontem à tarde o sushiman e conversou com ele por telefone. "Falei com o "Jack" e disse a ele que considero importante que ele seja ouvido pela CPI. Uma subcomissão deve ir a São Paulo para ouvi-lo em caráter reservado", disse o senador.
De acordo com Suplicy, "Jack" pediu garantias de segurança e não quer ser exposto.
A convocação de "Jack" foi aprovada no dia 9 de novembro -um dia depois do depoimento da viúva do prefeito, Roseana Garcia, na CPI. A Folha conversou com "Jack" nas duas últimas semanas, na condição de não revelar o local do encontro, e ele reafirmou seu depoimento.
"Jack" havia contado a história em depoimentos à Polícia Civil e ao Ministério Público, ocorridos entre 2002 e 2003. No entanto, o depoimento dele foi desqualificado pela polícia por contradizer outras informações que estão nos autos do processo.
Para o Ministério Público e a Polícia Civil, o prefeito foi morto porque atrapalhou a fuga da quadrilha do seqüestrador Wanderson Newton de Paula Lima, o Andinho, que está preso. Andinho negou à Justiça, à polícia e ao Ministério Público ter participado do homicídio.
Os outros quatro membros da quadrilha de Andinho -que, na versão dos promotores e da polícia, também participaram do crime- foram assassinados por policiais civis de Campinas em uma ação em um condomínio em Caraguatatuba (SP), três semanas após a morte de Toninho.
"Jack" disse à Justiça ter presenciado as reuniões durante a madrugada atrás de uma mesa em um mezanino do bingo.
Ele diz que, com autorização de um segurança, pernoitava eventualmente no local até a manhã seguinte, quando pegava um ônibus para a sua casa.
A testemunha descreve detalhes como, por exemplo, o relógio, as roupas e a fisionomia que cada pessoas que participaram da reunião no bingo.
Ainda no processo, "Jack" diz que os membros da reunião se tratavam como "delegado", "presidente", "coronel" e "secretário". Segundo ele, um dos integrantes era gordo, vestia terno e tinha sotaque português.


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