São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2008

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Desembargadora do TRF pede sindicância sobre Protógenes

Relatora da Operação Chacal, Cecília Mello indagou sobre grampo em advogado de Dantas que a citou em um diálogo

O advogado do delegado refuta as suspeitas e afirma que as ações coordenadas pelo policial federal foram "estritamente dentro da lei"

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria da Polícia Federal abriu, a pedido da desembargadora federal Maria Cecília Pereira de Mello, sindicância para investigar o delegado da PF Protógenes Queiroz, que em julho deixou a coordenação da Operação Satiagraha. A juíza é a relatora, no TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, dos processos gerados pela Operação Chacal, desencadeada em 2004 pela PF.
A Chacal investigou suposta espionagem praticada pela Kroll a mando do grupo Opportunity. O principal réu é o banqueiro Daniel Dantas. Há 20 dias, a turma de Cecília Mello no TRF anulou todos os atos decisórios e enviou para a Justiça comum uma das três ações decorrentes da Chacal, a que investigava a contratação do militar reformado israelense Avner Shemesh em suposta espionagem contra desafetos de Dantas, como o empresário Luís Roberto Demarco.
Além da sindicância aberta a pedido da desembargadora, o delegado Protógenes é alvo de um inquérito na PF.
O advogado de Protógenes, Luiz Gallo, refutou as suspeitas dos dois procedimentos. "Meu cliente sempre agiu estritamente dentro da lei. Isso ficará provado", disse Gallo.
A desembargadora pediu à PF que indague o delegado, entre outras coisas, sobre as circunstâncias em que foi produzida interceptação telefônica divulgada em julho pela Folha. Na Satiagraha, a PF interceptou, com ordem judicial, diálogo entre o advogado de Dantas, Nélio Machado, e Humberto Braz, réu, junto com Dantas, no processo que apura corrupção.
Nesse telefonema, Machado disse a Braz que a desembargadora havia lido o "inquérito", suposta referência à Satiagraha, e considerado o assunto "gravíssimo". Machado chama a desembargadora de "amiga".
O telefonema ocorreu num momento em que a defesa de Dantas buscava informações a respeito de um inquérito policial sobre o Opportunity, cuja existência fora revelada dias antes em reportagem da Folha.
A desembargadora disse ontem que, para ela, os fatos estão esclarecidos. "Conversei com o doutor Fausto [De Sanctis]. Não tenho mais dúvidas, o tribunal não foi interceptado", disse Cecília Mello. A juíza contou ter recebido também a visita de Machado em seu gabinete, após a divulgação do telefonema. "Ele veio me pedir desculpas", disse Cecília. Após consulta, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) eximiu a juíza de irregularidade.


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