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Desembargadora do TRF pede sindicância sobre Protógenes
Relatora da Operação Chacal, Cecília Mello indagou sobre grampo em advogado de Dantas que a citou em um diálogo
O advogado do delegado refuta as suspeitas e afirma que as ações coordenadas pelo policial federal foram "estritamente dentro da lei"
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Corregedoria da Polícia Federal abriu, a pedido da desembargadora federal Maria Cecília Pereira de Mello, sindicância para investigar o delegado
da PF Protógenes Queiroz, que
em julho deixou a coordenação
da Operação Satiagraha. A juíza
é a relatora, no TRF (Tribunal
Regional Federal) da 3ª Região,
dos processos gerados pela
Operação Chacal, desencadeada em 2004 pela PF.
A Chacal investigou suposta
espionagem praticada pela
Kroll a mando do grupo Opportunity. O principal réu é o banqueiro Daniel Dantas. Há 20
dias, a turma de Cecília Mello
no TRF anulou todos os atos
decisórios e enviou para a Justiça comum uma das três ações
decorrentes da Chacal, a que
investigava a contratação do
militar reformado israelense
Avner Shemesh em suposta espionagem contra desafetos de
Dantas, como o empresário
Luís Roberto Demarco.
Além da sindicância aberta a
pedido da desembargadora, o
delegado Protógenes é alvo de
um inquérito na PF.
O advogado de Protógenes,
Luiz Gallo, refutou as suspeitas
dos dois procedimentos. "Meu
cliente sempre agiu estritamente dentro da lei. Isso ficará
provado", disse Gallo.
A desembargadora pediu à
PF que indague o delegado, entre outras coisas, sobre as circunstâncias em que foi produzida interceptação telefônica
divulgada em julho pela Folha.
Na Satiagraha, a PF interceptou, com ordem judicial, diálogo entre o advogado de Dantas,
Nélio Machado, e Humberto
Braz, réu, junto com Dantas, no
processo que apura corrupção.
Nesse telefonema, Machado
disse a Braz que a desembargadora havia lido o "inquérito",
suposta referência à Satiagraha, e considerado o assunto
"gravíssimo". Machado chama
a desembargadora de "amiga".
O telefonema ocorreu num
momento em que a defesa de
Dantas buscava informações a
respeito de um inquérito policial sobre o Opportunity, cuja
existência fora revelada dias
antes em reportagem da Folha.
A desembargadora disse ontem que, para ela, os fatos estão
esclarecidos. "Conversei com o
doutor Fausto [De Sanctis].
Não tenho mais dúvidas, o tribunal não foi interceptado",
disse Cecília Mello. A juíza
contou ter recebido também a
visita de Machado em seu gabinete, após a divulgação do telefonema. "Ele veio me pedir
desculpas", disse Cecília. Após
consulta, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) eximiu a juíza de irregularidade.
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