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É hora de ter mulher no Planalto, diz Dilma
Ministra desconversa sobre 2010, mas afirma que "foi-se a época em que a mulher era considerada cidadã de segunda qualidade"
"Esse século 21 é o século dos negros, das mulheres, e acho que isso vai ser muito bom para o mundo", afirma Dilma a empresários no Rio
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar de não admitir oficialmente a candidatura à Presidência da República -já defendida publicamente pelo
próprio presidente Luiz Inácio
Lula da Silva-, a ministra da
Casa Civil, Dilma Rousseff, deu
ontem, em evento para empresários realizado no Rio, um sinal claro de seu entusiasmo
com a idéia.
"Acho que a participação das
mulheres no mundo está na hora. E aí está na hora de presidente, de presidente das empresas. E isso está sendo cada
vez mais reconhecido. Foi-se a
época em que a mulher era considerada cidadã de segunda
qualidade, que só podia participar de algumas atividades", disse a ministra.
Na entrada de uma reunião
em homenagem à diretora da
Petrobras Maria das Graças
Foster, Dilma fez uma referência indireta ao presidente eleito
dos EUA, Barack Obama.
"Esse século 21 é o século dos
negros, das mulheres, e acho
que isso vai ser muito bom para
o mundo, porque diz respeito a
uma parte significativa da população", afirmou a ministra.
Questionada se estava assumindo publicamente a candidatura presidencial, preferiu
desconversar: "Não estou cogitando neste momento. Estou
falando em tese. Qualquer consideração a respeito vai dar origem a um tipo de avaliação que
não é ainda o que está maduro".
Em entrevista a jornais italianos, na semana passada, Lula
disse que Dilma seria a pessoa
certa para sucedê-lo: "Depois
de mim, quero que o Brasil seja
governado por uma mulher. E a
pessoa certa é Dilma Rousseff".
Ontem, observando que Lula
ainda não formalizou diretamente a ela qualquer convite,
Dilma comentou as declarações: "Obviamente que qualquer pessoa se sente bastante
gratificada em ser pensada para
um cargo dessa magnitude".
A entrevista foi interrompida
por sucessivas intervenções do
presidente do Ibef (Instituto
Brasileiro de Executivos de Finanças), o ex-deputado federal
Márcio Fortes, político do
PSDB ligado ao governador de
São Paulo José Serra.
Educadamente, Fortes procurava encaminhar a ministra
para o salão em que o evento seria realizado.
Provocada pelos jornalistas
sobre a coincidência -um militante do PSDB interrompendo
a entrevista de uma provável
candidata do PT-, a ministra
reagiu com bom humor: "Pois
é, e nós gostamos que o Serra dê
entrevistas".
Líder nas pesquisas de intenção de voto, Serra é apontado
como o provável candidato do
PSDB em 2010.
Lágrimas
No discurso em homenagem
à diretora da Petrobras, escolhida executiva do ano pelo
Ibef, a ministra Dilma Rousseff
defendeu as ações do governo
para tentar minimizar os efeitos da crise financeira.
Ela declarou que novas medidas para estimular o mercado
interno serão adotadas se houver necessidade. Segundo ela,
os investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) serão mantidos.
No final do evento, em seu
discurso sobre Foster, a ministra se emocionou -ensaiando
até algumas lágrimas- ao lembrar que sua amizade com a diretora da Petrobras se intensificou ao longo dos últimos
anos, quando ambas trabalharam na elaboração da política
energética e na infra-estrutura
que possibilitou ao país importar e produzir gás natural.
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