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STF pode suspender nova lei se receber ação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A nova lei do Rio de Janeiro que
estabelece três faixas de piso salarial para várias categorias profissionais no Estado poderá ser suspensa pelo STF (Supremo Tribunal Federal), a exemplo do que
ocorreu com a anterior.
O projeto de lei, aprovado pela
Assembléia Legislativa, menciona
inúmeras categorias que serão
contempladas em cada faixa (R$
220, R$ 223 e R$ 226).
A anterior instituía o valor de
R$ 220 de forma genérica para todos os que não têm piso e o estendia particularmente aos empregados domésticos.
Em julgamento realizado na última terça-feira, o plenário do
STF atendeu a um pedido da Confederação Nacional da Agricultura e concedeu liminar suspendendo essa lei porque considerou
que, na prática, ela havia instituído o salário mínimo regional. Pela
Constituição, o mínimo é "nacionalmente unificado".
Votos
Dos 9 ministros que votaram,
apenas 2 -Nelson Jobim e Ilmar
Galvão- consideraram válida a
parte da lei que fazia referência
aos domésticos e entenderam
que, por isso, o piso deveria valer
exclusivamente para eles.
Os demais seguiram o voto de
Marco Aurélio de Mello, relator
da causa, para quem não basta citar cada categoria.
Seria preciso comprovar que o
valor estabelecido como piso é
compatível com a extensão e a
complexidade da atividade.
Procurado pela Folha, Marco
Aurélio reiterou o ponto de vista.
"O valor tem de decorrer da extensão e da complexidade do trabalho, de acordo com o que está
disposto na Constituição (artigo
7º, inciso V). O Supremo já sinalizou isso", afirmou.
Se a maioria dos ministros mantiver esse entendimento, a citação
de inúmeras categorias na nova
lei será considerada providência
insuficiente para a criação do piso, e a iniciativa do governo do
Rio será novamente derrubada
pelo Supremo.
Recesso
A lei só poderá ser contestada
depois que for sancionada. Um
eventual pedido de liminar para
suspendê-la só deverá ser julgado
a partir de 1º de fevereiro, quando
termina o recesso do Judiciário.
O presidente do Supremo, ministro Carlos Velloso, que está trabalhando em plantão, dificilmente examinará sozinho um pedido
desse tipo.
O governo do Rio de Janeiro
tenta instituir pisos salariais com
base em lei aprovada pelo Congresso que autoriza os Estados a
tomar essa iniciativa.
A idéia do piso regional surgiu
em março deste ano, quando o
governo federal decidiu transferir
aos governadores a pressão por
um aumento maior do salário mínimo, que hoje é de R$ 151.
Com ela, o presidente Fernando
Henrique Cardoso tentou transferir para os Estados a responsabilidade pelo pagamento de valores
superiores ao salário mínimo.
(SILVANA DE FREITAS)
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