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CASO TRT
Polícia Federal investiga participação de dois ex-delegados da instituição na fuga do ex-juiz, que durou 227 dias
PF crê em ajuda de ex-agentes a Nicolau
LUCAS FIGUEIREDO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal investiga dois
ex-delegados da instituição que
teriam participado da operação
de fuga do ex-juiz Nicolau dos
Santos Neto. Os nomes dos policiais são mantidos em sigilo.
Até agora, a PF não tem provas
de que os dois ex-delegados tenham ajudado Nicolau. Ambos
teriam cumprido tarefas operacionais no esquema, como escolher rotas de fuga seguras no interior do país e fazer o serviço de batedor, checando antecipadamente os locais por onde o ex-juiz iria
passar, evitando que ele caísse,
por exemplo, em blitze policiais.
Investigadores da PF que atuam
no caso acreditam que os dois ex-delegados foram incorporados ao
esquema de fuga porque seriam
capacitados para pensar nos aspectos de segurança da operação.
Ou seja, ambos têm conhecimento de como funciona a PF e
poderiam antecipar possíveis medidas para prender o ex-juiz.
Nicolau presidiu o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo
de 90 a 92. De 92 a 98, ele presidiu
a Comissão de Obras do TRT,
quando foram liberados os recursos para a obra do Fórum Trabalhista de São Paulo.
O ex-juiz é acusado de ter desviado R$ 169,5 milhões dos R$
223,7 milhões destinados à obra
do fórum. Em abril deste ano, teve
a prisão preventiva decretada pela
Justiça. Porém Nicolau fugiu antes de ser preso. No último dia 8,
ele se entregou após permanecer
foragido por 227 dias.
O ex-juiz, que disse ter ficado no
sul do país, rendeu-se em uma estrada que liga Dom Pedrito a Bagé, no Rio Grande do Sul.
A descoberta de que dois ex-policiais federais ajudaram Nicolau
causou mal-estar na PF. Delegados e agentes já se queixavam do
desgaste que a instituição sofreu
pelo fato de o ex-juiz não ter sido
capturado, mas sim ter se entregado, após fazer um acordo com o
Ministério da Justiça.
Para se render, Nicolau exigiu
não ser exposto à imprensa e não
ser algemado. Oficialmente, a PF e
o Ministério da Justiça negam ter
havido negociações.
A apresentação à PF foi uma estratégia dos advogados de Nicolau: ao se entregar, o ex-juiz se
mostraria disposto a colaborar
com investigações sobre o desvio.
A PF ainda não está convencida
de que Nicolau esteve somente no
Uruguai, como indicavam as primeiras pistas relacionadas ao roteiro de fuga do ex-juiz.
Delegados de Brasília acreditam
que Nicolau pode ter se entregado
em Bagé, próximo à fronteira
com o Uruguai, para despistar
outros possíveis esconderijos.
Por essa tese, a Polícia Federal
estaria sendo levada a investigar
os passos do ex-juiz Nicolau no
Uruguai, quando a maior parte
do tempo ele teria estado em outro lugar distante dali, como o Caribe, por exemplo.
O primeiro país onde a polícia
procurou Nicolau foi o Uruguai.
Além de procurá-lo por Montevidéu, capital do país, os agentes
também foram ao balneário de
Punta del Este.
Com os seus dois passaportes
retidos pela Justiça, o ex-juiz poderia entrar no Uruguai usando
apenas a carteira de identidade, já
que o país integra o Mercosul.
Depois de passar pelo Uruguai,
os agentes foram ao Rio Grande
do Sul. A busca se concentrou em
cidades fronteiriças, por onde o
ex-juiz poderia escapar em direção à Argentina ou ao Uruguai.
Depois, dois agentes da Polícia
Federal desembarcaram na Europa, onde procuraram Nicolau no
norte da Itália -as buscas se concentraram em pequenas cidades
nos arredores de Milão- e no sul
da Suíça (Lugano e arredores).
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